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Bodanzky e Farkas flagram ilha de vida no Pantanal

Ruivaldo, sobre a saga de um pantaneiro que consegue salvar parte de suas terras do alagado permanente, abre prévia da Mostra Ecofalante de Cinema

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Desmatado e ocupado pela pecuária e por plantações extensivas, a perder de vista, a região do Alto Taquari deixou de absorver como era natural a água das chuvas, que passaram a escorrer pelo solo arenoso cavando voçorocas e assoreando os rios de uma das bacias mais importantes do Pantanal, em Mato Grosso do Sul.

O movimento que demoraria milhares de anos para acontecer foi abreviado de forma supersônica para um intervalo de 40, 50 anos. Os rios mais rasos e cheios de sedimentos vão se espraiando e o regime de cheias e vazantes que fazia a riqueza do solo e a biodiversidade do bioma se interrompeu.

Um alagado permanente com árvores secas como palitos fincados na terra é a paisagem atual do Pantanal. Além do desastre na planície pantaneira, outra consequência grave é o rebaixamento do aquífero Guarani.

Cenas de "Ruivaldo, o homem que salvou a terra", de Jorge Bodanzky e João Farkas - Carolina Freitas da Cunha\Divulgação

Esse é o cenário magistral captado e construído pelas lentes de João Farkas e pela direção de Jorge Bodanzky no filme “Ruivaldo, o homem que salvou a terra”, que será exibido na Mostra Ecofalante de Cinema a partir da próxima quarta, dia 3, a partir das 19h30.

Ruivaldo Nery de Andrade nasceu em Corumbá no início dos anos 1960, foi estudar fora dalí e voltou para casa no começo dos anos 1980, depois de uma grande enchente, para tentar salvar as terras da fazenda Mutum, de sua família. Assim como as terras vizinhas, a fazenda estava sendo perdida para o alagado.

A partir de 2007, começou a construir diques para conter as águas e preservar solo para cultivar.
Conseguiu. Hoje vive numa ilha de terra firme cercada por um mar de alagamento. A história de Ruivaldo costura a viagem a um Pantanal pouco conhecido. Assustador, silencioso.

Cenas de "Ruivaldo, o homem que salvou a terra", de Jorge Bodanzky e João Farkas - Carolina Freitas da Cunha\Divulgação

Como diz o biólogo Sandro Menezes Silva, entrevistado no documentário, degradar o Cerrado e o Pantanal é destruir a grande caixa d’água do Brasil, pois ali estão as nascentes das principais bacias hidrográficas, devido à alta capacidade de absorção de água de chuva que havia e que recarregava o lençol freático.

O que aconteceu no rio Taquari é um dos maiores desastres ecológicos brasileiros, aponta Silva, e o mesmo processo está se repetindo nas bacias dos rios Aquidauana, Negro e Miranda.

“Quero meu Pantanal de volta”, diz Ruivaldo. O filme mostra a importância desse clamor.

O documentário foi produzido em 17 meses, de março de 2018 a agosto de 2019, em seis viagens para pesquisas, entrevistas e tomadas aéreas com drone. Teve lançamento mundial em setembro último na Bélgica.

Cenas de "Ruivaldo, o homem que salvou a terra", de Jorge Bodanzky e João Farkas - Carolina Freitas da Cunha\Divulgação

A Mostra Ecofalante de Cinema, que tem a 9ª edição programada para agosto próximo, planejou essa prévia de 3 a 9 de junho, para lembrar a Semana do Meio Ambiente, com filmes e debates sobre conservação ambiental, mudanças climáticas, economia e saúde.

Serão exibidos cinco filmes produzidos no Brasil, Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Além de “Ruivaldo, o Homem que Salvou a Terra”, de Bodanzky e João Farkas; “Amazônia Sociedade Anônima”, com direção de Estêvão Ciavatta e produção de Walter Salles; “A Grande Muralha Verde”, produção-executiva de Fernando Meirelles, “O Golpe Corporativo”, de Fred Peabody, e “Ebola: Sobreviventes”, de Arthur Pratt.

Depois dos filmes, a mostra promove debates que serão transmitidos pelo YouTube e pelo Facebook. Os filmes ficarão acessíveis pela plataforma Videocamp.

Antes da exibição de “Ruivaldo”, dia 3, 19h, o evento será apresentado pelo seu diretor, Chico Guariba, e por Laís Bodanzky, diretora-presidente da Spcine. A programação de filmes e debates está no site da Mostra Ecofalante,

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