Mara Gama

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Mesmo com pandemia, emissões de carbono no Brasil aumentam

Mundo pode ter queda de 6%; no país, desmatamento crescente deve impedir metas do clima

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Os números do desmatamento na Amazônia não param de crescer. O desmonte do sistema de proteção ambiental realizado com afinco pelo governo e o incentivo aos crimes ambientais são os maiores responsáveis. A situação é tão grave que mesmo com a pandemia da Covid-19, que diminuiu a atividade econômica de forma geral, o país pode ter crescimento substantivo nas emissões de carbono.

Uma análise feita pelo Observatório do Clima (OC) indica que as emissões de gases do efeito estufa do Brasil podem subir entre 10% e 20% em 2020 em relação a 2018. No mundo, a recessão decorrente da pandemia de Covid-19 pode resultar em redução nas emissões mundiais de 6% em 2020, a maior já registrada desde os anos 1990.

A estimativa mundial é da Carbon Brief e tem como base principalmente o impacto da redução na queima de combustíveis fósseis, que respondem por dois terços das emissões globais de GEE. No Brasil, sexto maior emissor do mundo, o uso da terra é responsável por mais de dois terços das emissões.

O carbono emitido pelo desmatamento na Amazônia pode subir até 50% em relação a 2018. A resultante brasileira só não é pior por conta de redução de emissões nos setores de energia, atividade industrial e queda no desmatamento no Cerrado, segundo indica nota técnica do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do OC).

Se o país ficasse com as mesmas médias dos últimos cinco anos nos meses de maio a julho, as emissões decorrentes da destruição da floresta em 2020 seriam 29% maiores que em 2018. Mas, caso o desmatamento nesses meses siga a tendência de 2019, a Amazônia pode terminar 2020 com 14,5 mil km2 desmatados e emissões 51% maiores que em 2018.

Com esse resultado na Amazônia, as emissões em 2020 podem ser de 2,1 bilhão a 2,3 bilhões de toneladas brutas, o que faria o país não atingir metas da Política Nacional de Mudança do Clima e nem do Acordo de Paris, que prevê emissões de 1,3 bilhão de toneladas de CO2 equivalente para 2025.

A nota técnica do Seeg avalia todos os setores responsáveis por emissões de carbono e aponta as tendências para o ano de 2020. Em 2018, o Brasil emitiu 1,9 bilhão de toneladas brutas de CO2 equivalente. Em ranking de contribuição para esse total, os responsáveis pelas emissões eram: o uso da terra, responsável por 44%; a agropecuária, responsável por 25%; energia, por 21%; processos industriais, por 5%; e resíduos, por 5%.

Os dois primeiros itens do ranking devem ter aumento. Os responsáveis são a devastação da floresta e a queda do abate de bovinos, que faz com que o gado fique no pasto, gerando mais metano.

Os demais setores têm tendência de queda de emissões, como energia e indústria, ou estagnação, no caso dos resíduos.

RESÍDUOS

Se a tendência de emissão anual é de manutenção dos padrões de 2018, no momento atual, levantamento da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública) com empresas que representam 60% do setor aponta redução de 7,25% na geração de lixo domiciliar. O resultado é de abril de 2020 comparando com 2019.

Segundo a Abrelpe, a coleta de materiais recicláveis aumentou entre 25% e 30% no período. O maior número de embalagens de serviços de entrega de alimentação e compras em geral explica o aumento.

Apesar de aumento da coleta, a reciclagem pode não ter seguido proporcionalmente a tendência, pois houve diminuição de atuação nas unidades de triagem em diversas cidades, de acordo com a entidade.

Um dado preocupante é que, diferentemente do que acontece em outros países, houve queda de 15,6% na geração de resíduos dos serviços de saúde. A queda pode indicar deficiência na segregação dos materiais infectantes e sua destinação a locais inadequados, com riscos para o meio ambiente e para a população.

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