Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Marcelo Viana

Todo ser humano nasce apto para a matemática

Experiências escolares inadequadas ou traumáticas podem gerar ansiedade quanto aos números

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Semana passada, dei entrevista a uma TV do Rio de Janeiro, sobre a promoção do Brasil ao grupo 5 da União Matemática Internacional e o panorama do ensino de matemática. Simpática e competente, a entrevistadora apressou-se a avisar que não era uma “pessoa de matemática”. A maioria dos presentes fez coro, explicando: “eu sou de humanas”.

Mulher, enquanto faz anotações em um caderno, fala ao telefone em frente a um notebook aberto. Ao seu lado, um bebê segurando um urso observa a mulher escrevendo
O cérebro do nascimento importa muito menos do que o modo como ele é reorganizado, por meio da aprendizagem - Fotolia

Que algumas pessoas nascem “de exatas” e outras “de humanas” é uma das ideias mais difundidas da civilização ocidental. E é também um disparate, com consequências graves para o desempenho escolar de crianças e jovens. Essa foi a mensagem central do seminário “Mentalidades matemáticas”, do qual participei em São Paulo.

O seminário foi dedicado às ideias da professora Jo Boaler, da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. A partir de avanços recentes na pesquisa sobre o cérebro e de sua experiência como educadora, a pesquisadora defende que todo ser humano saudável pode dominar os conteúdos de matemática na educação básica.

Progressos na neurologia mostram que o cérebro é uma estrutura extremamente plástica, que pode ser moldada de forma profunda. O cérebro do nascimento importa muito menos do que o modo como ele é reorganizado, por meio da aprendizagem, ao longo de nossa infância e juventude.

Uma experiência educacional feliz produz as conexões sinápticas que formam um cérebro “inteligente”. Já uma experiência escolar inadequada ou traumática gera ansiedade matemática, um distúrbio psicológico muito comum, que trava qualquer tentativa de raciocínio matemático.

Ao contrário de tantas pesquisas em educação matemática “pura”, as afirmações da professora Boaler estão amparadas em evidências e em uma abordagem prática para o ensino da matemática para todas as crianças, “talentosas” ou não. Falarei sobre isso na próxima coluna.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.