Todos já ouviram que Cristóvão Colombo teria sido desafiado a colocar um ovo em pé. Não importa a solução que o navegador teria dado, já que a história é falsa mesmo. Importante é a questão matemática por trás, chamada de problema da estabilidade.
Dizemos que um objeto numa superfície plana horizontal, como uma mesa, está estável se ele permanece parado. Uma esfera está estável em qualquer posição, já um ovo só está estável se estiver deitado.
Em 1995 o grande matemático russo Vladimir Arnold perguntou se existe alguma forma que tenha uma única posição de estabilidade.
Um ovo que estaria estável nessa posição especial e nenhuma outra (como o João-bobo, mas sem trapaça: os Joões-bobos contêm um lastro sem o qual não funcionariam).
Arnold estava no Congresso Internacional de Matemática Industrial e Aplicada, em Hamburgo, e uma noite houve um jantar em sua homenagem. O jovem húngaro Gábor Domokos, apesar da refeição ser cara e de ele ter pouco dinheiro, fez questão de participar. Isso mudou sua vida.
No dia seguinte, encontrou Arnold, justamente quando o russo tentava se livrar de um importuno. Reconhecendo Domokos do jantar, alegou como desculpa que tinha marcado de encontrá-lo. Na conversa que tiveram, Arnold aconselhou o colega em sua pesquisa e mencionou o problema da estabilidade. Para Domokos, virou uma obsessão, que o iria consumir por mais de dez anos.
Finalmente, em 2006, Domokos e seu estudante Péter Várkonyi encontraram o “ovo perfeito”. Eles o chamaram de Gömböc, esferinha, em húngaro. Atualmente, uma grande escultura do Gömböc adorna Budapeste, a capital da Hungria.
Não conhecemos objetos com a forma do Gömböc na natureza (Domokos tem ideias muito interessantes para explicar esse fato), mas a carapaça de certas tartarugas tem muitas semelhanças: provavelmente isso ajuda a que fiquem estáveis na posição natural.
Mais uma prova de que a natureza sabe matemática.
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