O primeiro Colóquio Brasileiro de Matemática, de 1º a 20 de julho de 1957, em Poços de Caldas (MG), contou com 49 professores de 9 instituições, quase toda a comunidade matemática brasileira da época. Estava um pequeno número de mulheres, como Marília Peixoto e Elza Gomide, que, ao lado de Maria Laura Leite Lopes, foram nossas primeiras doutoras na matéria. A matemática engatinhava por aqui.
A 32ª edição do evento, realizado pelo Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) a cada dois anos, acontece esta semana, com mais de mil inscritos. Este ano, tem uma importante dimensão extra: no fim de semana, aconteceu o primeiro EBMM (Encontro Brasileiro de Mulheres Matemáticas), com quase 500 participantes.
Desde 1957, o Colóquio tem papel determinante no desenvolvimento da matemática brasileira, facilitando o contato entre pesquisadores nacionais e estrangeiros e o acesso, sobretudo dos mais jovens, aos avanços recentes na área. Sucessivas gerações de nossos melhores matemáticos encontraram suas vocações no Colóquio.
Outro fator que contribuiu muito para o sucesso foi a decisão, desde o início, de que todo curso precisaria ter um texto escrito pelo professor para ser distribuído aos alunos. Muitos de nossos livros de matemática de maior sucesso no Brasil e no exterior começaram assim. A regra continua sagrada, mas hoje a distribuição é prioritariamente eletrônica.
A partir de 1987, o Colóquio trocou Poços de Caldas pela sede do Impa no Rio de Janeiro. Acentuou-se a tendência de crescimento do evento, com participação de mais de um milhar de alunos de graduação ou pós-graduação, professores e pesquisadores. A programação diversificou-se, para atender público tão heterogêneo. E a dimensão internacional ficou mais forte.
Desde 2009, a Sociedade Brasileira de Matemática também promove edições nas cinco regiões do Brasil: a mais recente ocorreu em Rio Branco (AC), em março. Os Colóquios das Regiões resgatam o formato inicial do Colóquio, capilarizando sua ação por todo o território nacional.
O Brasil do 32º Colóquio tem pouco que ver com o da primeira edição. Temos uma medalha Fields, de Artur Avila, e estamos entre as 11 potências da pesquisa matemática mundial. O Encontro Brasileiro de Mulheres Matemáticas é um excelente símbolo dessa evolução. Seus participantes, mulheres e homens, celebram a contribuição feminina à matemática no Brasil e discutem os fatores que, no meio acadêmico e fora dele, contribuem para afastar as mulheres da ciência e tecnologia.
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