Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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Como funciona a bitcoin?

O sistema foi criado para garantir a integridade da moeda de forma automática

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Em 2010, depois de ter dado a partida numa ideia revolucionária –a bitcoin– o misterioso Satoshi Nakamoto sumiu sem deixar rastros: nem sequer sabemos se se trata de uma pessoa ou de um grupo.

Nem isso, nem os alertas quanto ao perigo de investir numa moeda tão intangível impediram a bitcoin (e outras criptomoedas) de se tornarem um fenômeno de popularidade: seus usuários atualmente contam-se pelos muitos milhões. E a nova moeda teve uma valorização impressionante: tendo começado a menos de um centavo de dólar, está avaliada em US$ 7 mil, depois de ter chegado a quase US$ 20 mil dois anos atrás.

O sistema da bitcoin foi desenhado para garantir a integridade da moeda de forma automática, sem uma organização responsável. Ele tem três elementos críticos, todos fortemente baseados em matemática: “blockchain”, validação de assinaturas e mineração.

A ideia de blockchain (cadeia de blocos) é que todas as transações estão registradas no sistema e acessíveis a qualquer usuário, praticamente em tempo real. São agrupadas em blocos de cerca de mil transações cada, organizados sequencialmente. Assim, todo usuário pode saber o saldo de bitcoins de qualquer outro. No entanto, a privacidade é total, pois os usuários são identificados por um código.

Todas as transações são validadas por assinatura digital. É usada criptografia de chave pública, em que cada usuário tem duas senhas: uma privada, que usa para “assinar” suas transações, e outra pública, que os demais podem usar para confirmar que a assinatura é válida. O método está baseado no fato de que certas operações matemáticas são muito mais fáceis de fazer do que de desfazer: neste caso, a matemática vem da chamada teoria das curvas elípticas.

Também é necessário impedir que alguém passe “cheques sem fundos”, gastando o mesmo dinheiro em várias operações quase simultâneas. Isso envolve um dos aspectos mais curiosos do sistema: transações em bitcoins não são validadas imediatamente, vão para uma lista de pendências. É aí que entram os mineradores, usuários cuja função é verificar as transações e criar novos blocos que, uma vez acrescentados à cadeia, não poderão mais ser modificados.

O trabalho dos mineradores é pago: 12,5 bitcoins por bloco atualmente, mas o valor irá diminuindo. São cerca de 1.800 bitcoins (144 blocos) “mineradas” por dia. Essa é a única forma de criar bitcoins. Já foram minerados 18 milhões de bitcoins – Nakamoto estabeleceu um limite de 21 milhões – restam menos de 3 milhões para garimpar...

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