Marcia Dessen

Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

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Compra na baixa e venda na alta

Mais fácil falar do que fazer; recuperar perdas requer coragem, tempo e dinheiro

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São Paulo

O desempenho do mercado acionário em 2019 foi generoso. Além das ações e dos fundos de ações, os fundos e planos de previdência que investem parte dos recursos nesse mercado foram beneficiados e registraram resultados superiores à taxa de juros básica da economia.

Aí veio a onda de provocações aos investidores conservadores, fortemente impelidos a parar de perder dinheiro na renda fixa, induzidos a migrar para investimentos mais rentáveis.

Não é simples assim. Embora a rentabilidade passada tenha sido alta, não significa que a trajetória seja tranquila e previsível, nem que o resultado seguirá positivo. A rentabilidade futura será determinada por eventos esperados, mas ainda desconhecidos.

'Quem é do ramo aproveita a queda de preços para investir mais. Quem entrou nessa sem estar preparado se apavora'. - Gabriel Cabral/Folhapress

O investidor da renda variável está acostumado a conviver com muita volatilidade, tem nervos de aço para atravessar períodos de muita turbulência e não entrar em pânico quando seu capital se desvaloriza, por exemplo, 10% em um único dia.

Quem é do ramo aproveita a queda de preços para investir mais. Quem entrou nessa sem estar preparado se apavora, resgata a aplicação tentando salvar o dinheiro que sobrou e, provavelmente, nunca mais investirá em ações. Como voltará para o mercado de renda fixa, não recuperará a perda.

Um mesmo mercado provoca reações muito diferentes nos investidores em razão do conhecimento (ou falta dele) acerca do mercado e do nível de tolerância a risco que esse investidor está disposto a correr para tentar ganhar mais.

O investidor em ações aceita o risco de mercado, tem tempo para esperar a recuperação dos preços em períodos de crise e dinheiro para comprar mais e recompor sua carteira.

Quem investe R$ 10 mil em ações e perde 30%, por exemplo, tem agora um capital de R$ 7.000. Não faz nada, aguardando a recuperação. O mercado reage, acumula valorização de 30%, e o capital desse investidor é R$ 9.100, ainda inferior ao capital originalmente investido.

Por quê? A queda de 30% incidiu sobre o capital de R$ 10.000, e a alta de 30%, sobre um capital menor, de R$ 7.000. Para voltar ao valor inicial, a carteira precisa de uma alta de quase 43%.

Quem acredita na recuperação do mercado e tem tempo e recursos disponíveis aproveita a queda dos preços para investir mais R$ 3.000, recompondo o capital originalmente alocado. Assim, a perda será recuperada quando a valorização atingir 30%, mesmo índice que gerou a perda.

Quem entra em pânico e resgata R$ 7.000 realiza o prejuízo de R$ 3.000 e se refugia na segurança da investimentos mais conservadores e menos rentáveis, anulando a chance de recuperar a perda.

A experiência certamente deixa algumas lições:

  • Investir em ações, fundos de ações ou fundos multimercado que investem em ações não é adequado para todos os investidores;
  • Não aceite recomendações genéricas de investimento que priorizam análises do mercado ou de produtos com baixa (ou nenhuma) adequação ao investidor;
  • Investimentos conservadores são menos rentáveis, porém adequados para investidores com baixa (ou nenhuma) tolerância a perdas, única reserva da família, horizonte de tempo curto e necessidade de liquidez diária;
  • Diversificação é importante, mas não elimina riscos e perdas. Um dos riscos aos quais o mercado acionário está exposto é o risco sistemático que atinge o conjunto de ações negociadas no mercado. O covid-19 e seu impacto na economia mundial é o exemplo mais recente.

A diversificação não é um antídoto para esse tipo de risco; não existe proteção contra o risco sistemático.

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