Marcia Dessen

Planejadora financeira CFP (“Certified Financial Planner”), autora de “Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro”.

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Marcia Dessen
Descrição de chapéu Folhainvest

Toda crise é transformadora

Com empatia e solidariedade, cuidaremos de nós mesmos sem deixar de cuidar dos outros

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A pandemia da Covid-19 acertou em cheio dois aspectos muito sensíveis: nossas finanças e nossa liberdade, para preservação da saúde e da vida. Em maior ou menor escala, de formas diferentes, fomos todos afetados.

O governo, aproveitando a situação de emergência, está implementando políticas públicas inéditas para socorrer as pessoas de baixa renda, autônomos, pequenos empresários, desempregados ou impedidos de trabalhar, que precisam de dinheiro para sobreviver.

Torço para que algumas sejam adaptadas e perpetuadas, permitindo que o governo resgate uma dívida antiga com os menos favorecidos e reduza a enorme desigualdade social deste país.

Muitos de nós se unem em ações isoladas ou coletivas para levar alento, comida, dinheiro, abrigo, conforto, movidos por um generoso movimento de solidariedade.

Períodos de crise são transformadores. Vai passar, um dia, mas não seremos os mesmos, e os que puderem incorporar aprendizados terão a chance de conhecer uma nova e melhorada versão de si mesmos e aprender a olhar para os outros, com mais empatia e compaixão.

Há 30 anos, o confisco implementado pelo governo da época, e por motivos muito distintos do que nos afeta neste momento, também impactou de forma contundente as finanças de milhões de brasileiros, os negócios, a geração de empregos e a economia como um todo.

Trago a reflexão sobre o confisco porque me lembrei de como eu consegui recuperar o equilíbrio, emocional e financeiro, anos depois. Mantenho o aprendizado até hoje e compartilho com vocês.

Em março de 1990, eu estava desempregada, havia me desligado de uma grande instituição financeira após 25 anos de trabalho, decidida a ser empreendedora, abrir o meu próprio negócio.

Meus recursos financeiros, poupança constituída durante muitos anos de trabalho, foram bloqueados pelo confisco. Como eu não tinha mais salário, precisava desse dinheiro para seguir vivendo, mas o limite de saque mensal autorizado era insuficiente para cobrir as minhas despesas.

Fazendo um orçamento completo e detalhado pela primeira vez na vida, descobri que eu gastava demais com coisas que não eram importantes, desnecessárias, e que eu poderia perfeitamente viver sem elas.

Cortei, reduzi, negociei, adiei pagamentos, procurando uma saída. Sou muito grata pela oportunidade de trabalho que surgiu e que, embora distante do propósito pelo qual havia renunciado ao meu emprego anterior, era suficiente para prover as despesas básicas da minha família, eu e meus dois filhos pequenos.



Não foi fácil, nem simples. Mas eu tinha saúde, qualificação profissional, uma rede de amigos e a convicção de que eu era capaz de começar de novo.

Quando cortei e reduzi despesas, percebi que, embora eu estivesse bem enrascada, eu estava bem melhor do que muita gente e queria fazer algo a respeito.

A forma que encontrei de cuidar dos outros foi incluir no meu orçamento apertado uma nova despesa, uma doação mensal para uma fundação de apoio a crianças e adolescentes que mantenho até hoje.

Aproveite a crise para rever ou fazer, pela primeira vez, seu orçamento, o mapa das suas despesas mensais, as recorrentes e as eventuais. Avalie se todas elas têm propósito e significado.

Cuide-se bem para poder cuidar dos que dependem de você. E, se possível, abra espaço na sua vida e no seu orçamento para cuidar dos outros, pense no coletivo. Fiquem bem!

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