Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Enquanto o mundo busca segurança, Brasil prepara mais IPOs

De certa forma, faz sentido para quem busca financiamento para seus projetos

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Não é só Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, que tem apreço às barras de ouro. A cotação do metal atingiu seu recorde histórico e ruma aos US$ 2.000 (R$ 10.341) por onça troy (31,1035 gramas).

Os quatro quilos e meio do metal precioso que pertenceram ao político, comprados em 2011 (na última grande alta dos preços, diga-se de passagem), foram a leilão na última quarta-feira (29) e levantaram um bom dinheiro.

O rally do ouro tem uma explicação global: investidores estão buscando a maior segurança possível, no cenário de incertezas criado durante a pandemia de coronavírus e pela disputa comercial entre Estados Unidos e China.

Se os EUA estão numa briga que ameaça parte de seu poderio econômico, até o dólar, que costuma servir de porto-seguro, começa a parecer mais arriscado. Isso sem falar nos recentes tombos no preço do petróleo.

Pessoas caminham em frente à B3, Bolsa de Valores de São Paulo.
Mercado de capitais totalizou R$ 440,8 bilhões em ofertas - Rahel Patrasso -22.Ago.2017/Xinhua

E é nesse cenário, onde investidores do mundo inteiro demonstram sua aversão a riscos, que o Brasil se prepara para dez IPOs (sigla em inglês para a abertura de capital de uma companhia em bolsa).

No ano passado, foram só cinco IPOs, em 2018, três. Mas neste, o primeiro ano da pandemia, como dizem os mais pessimistas, já tivemos cinco empresas abrindo seu capital na bolsa. Outras cinco têm data de negociação na B3 prevista para antes do Réveillon.

Isso porque algumas companhias que estavam na fila pediram que o processo fosse interrompido ou adiado quando sentiram os impactos da Covid-19.

De certa forma, faz sentido para quem busca financiamento para seus projetos. A capitalização pelo mercado de ações tem um custo relativamente baixo para as empresas.

Além disso, o investidor brasileiro, acostumado a comprar títulos públicos e deixar dinheiro na poupança, ao ver os impactos das sequenciais baixas na taxa de juros, tem chegado mais ao mercado de capitais.

Mas e para esse investidor? Faz sentido virar sócio de uma empresa que está começando agora a lidar com o mercado de ações?

Quando era presidente da bolsa de ações de Nova York (NYSE), o banqueiro Thomas Farley publicou um texto listando os seis sinais de que uma companhia está pronta para abrir seu capital em bolsa. O primeiro deles é conseguir prever com precisão seu desempenho financeiro.

Neste cenário, com um vírus mortal se espalhando por todo o globo e vacinas em fase de teste, quem conseguir prever se vai trabalhar normalmente na próxima semana já pode ser declarado o novo Nostradamus.

As novas ações podem subir, claro. Há bons exemplos de IPOs recentes, como da Locaweb, que começou a negociar seus papéis LWSA3 em abril e, de lá para cá, viu seus preços mais do que dobrarem.

Mas a imprevisibilidade do cenário torna a entrada arriscada. Dos cinco IPOs que foram feitos em 2020, três registraram quedas nos preços das ações até agora.

Para tomar a decisão sobre embarcar num IPO, o investidor precisa entender coisas como quanto a empresa depende do mercado doméstico ou do mercado internacional; avaliar a competitividade do setor; e enxergar seus diferenciais, tanto nos pontos fortes como nos pontos fracos, em relação às concorrentes, como indica relatório divulgado recentemente pela corretora Planner.

Riscos existem até mesmo para quem compra ouro (que estão numa alta histórica). O que importa é não tratar seus investimentos como loteria. Entenda o que está comprando e saiba por que está fazendo isso. Assim vai ficar mais fácil avaliar os resultados.

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