O interesse dos brasileiros por investimentos está chegando novamente ao seu ápice. De acordo com o Google, estamos no segundo maior pico de interesse sobre o assunto, perdendo apenas para a semana entre 8 e 14 de março.
Isso mostra mais do que o aumento do número de pessoas investindo ou tentando investir seu dinheiro. Essas pessoas estão, ativamente, buscando novas oportunidades.
Uma explicação possível é a redução do consumo mesmo para quem não teve queda na receita. Sem passeios e restaurantes, sobrou um dinheirinho na conta para investir.
E, num mundo conectado, onde basta buscar algumas palavras no YouTube para encontrar um documentário sobre como são feitos parafusos na China, a vontade de “globalizar” os investimentos tem crescido.
A GeoCapital, que administra um fundo de investimentos em ativos no exterior desde 2013, teve um aumento de 50% no número de cotistas de seu fundo neste ano, chegando a mil investidores e R$ 1 bilhão sob sua gestão.
O que a gestora vê em suas contas é o reflexo de um movimento maior. O investidor segue os passos da indústria de fundos, que quase dobrou o volume alocado em investimentos no exterior entre o fim de 2019 e maio deste ano.
O total alocado em outros países pelos principais fundos brasileiros chegou a R$ 278,5 bilhões em maio deste ano. No fim de 2019, eram R$ 146,9 bilhões. Ou seja: o aumento foi de 89,59% em cinco meses, de acordo com levantamento foi feito pela Economatica.
Pudera. A pandemia de coronavírus derrubou os mercados de todo o planeta de forma democrática, mas a velocidade na recuperação das economias deixou claras as diferenças entre eles.
Na bolsa brasileira, é possível negociar ações de empresas de outros países, com os chamados BDRs, sigla para Brazilian Depositary Receipts (certificados de depósito de valores mobiliários). É como um papel emitido no Brasil que representa outro, de uma empresa no exterior.
A ponte é normalmente feita por bancos, que custodiam ações lá de fora e emitem os títulos aqui. Há diferentes tipos de BDR, mas a base é a mesma, permitindo o acesso de investidores brasileiros a ações de empresas estrangeiras.
Olhando através desses ativos negociados na B3 é possível identificar a diferença entre o mercado nacional e internacional. O Índice BDRX, que reflete os preços de 307 BDRs, teve uma variação de 32% desde o começo do ano. O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações nacionais, teve uma variação negativa de 17%.
Engana-se quem pensa que isso traduz unicamente o mercado dos EUA. Ainda que os dois BDRs mais negociados na B3 este ano tenham sido da Amazon e da Alphabet, dona do Google, o terceiro pertence à companhia argentina MercadoLibre, dona do famoso site de compras. Os dados foram levantados pelo aplicativo TradeMap, com exclusividade para a coluna.
Os BDRs que mais subiram no período foram da Tesla, com uma alta de quase 260%, da própria MercadoLibre, com 135%, e da Nvidia, de tecnologia (116%).
Já as piores quedas ficaram com Chesapeak Energy (-83%), com a loja de departamentos J C Penney (-60%) e com a Carnival Corporation, que oferece cruzeiros marítimos (-58%).
Levando em conta que seu computador, seu tênis e até mesmo alguns sites pelos quais você navega provavelmente foram feitos por empresas estrangeiras, faz sentido ser sócio delas, enxergando seu potencial de crescimento.
A análise, no entanto, de mercados em contextos tão diferentes do nosso, é um exercício mais pesado. Para quem não quer se exigir demais, fundos podem ser uma boa opção, mas cobram também a sua fatia do bolo.
BDRs que mais subiram
Ativo | Empresa | Variação |
TSLA34 | Tesla | 259,96% |
MELI34 | Mercado Libre | 134,45% |
NVDC34 | Nvidia | 116,60% |
BDRs que mais caíram
Ativo | Empresa | Variação |
CHKE34 | Chesapeak Energy | -83,40% |
JCPC34 | J C Penney | -60,78% |
C1CL34 | Carnival Corporation | -58,46% |
BDRs mais negociados
Ativo | Empresa | Variação | Volume negociado |
AMZO34 | Amazon | 102,14% | R$ 411.082.951,60 |
GOGL34 | Alphabet | 42,26% | R$ 408.248.113,60 |
MELI34 | Mercado Libre | 134,45% | R$ 394.190.464,90 |
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