Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

A água do e-commerce ainda está aquecida?

É bom ter cautela para não usar atípico cenário da pandemia para definir metas ao comprar ações

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A internet um dia foi o futuro. Hoje, é inimaginável passar 12 horas sem o celular alertar sobre a chegada de dados que atravessaram a rede mundial de computadores para te alcançar. Nem que, ao fim, seja só mensagem de “bom dia” no grupo da família.

Naturalizamos o uso da rede como “pessoas físicas”, mas estruturas complexas empresariais demoram a ir muito além da troca das circulares distribuídas pelas secretárias por e-mails corporativos disparados para toda a empresa em apenas um clique.

O teste de fogo dos modelos comerciais veio com a pandemia de Covid-19. Quem não vendia bem pela internet, teve que aprender a fazer isso, ou renunciar ao negócio.

Falei, nesta coluna, do caso dos grandes varejistas, que, com as portas das lojas fechadas, tiveram que tirar do papel suas “estratégias omnichannel”, que é como chamam “vendas on-line” em corporativês.
Quem estava bem estabelecido na rede se refastelou na Bolsa de valores.

No primeiro semestre, a B2W, responsável pela operação online das Lojas Americanas, Submarino e Shoptime, viu suas ações subirem mais do que 70%. A Magazine Luiza, que estava com a operação online bem avaliada, teve uma alta de 45%.

O Ibovespa, indicador mais utilizado para analisar o mercado de forma geral, caiu 18% no mesmo período.
A água das vendas pela internet pareceu confortável para quem quer mergulhar na piscina da Bolsa de Valores.

Painel com números do mercado financeiro interior da sede da B3
Enquanto o Ibovespa subiu pouco, 1,35% desde 1º de julho, os papéis da Magalu (MGLU3) caíram 0,4% - Cris Faga/Folhapress

Não à toa, uma empresa de logística para ecommerce, a Sequoia Logística e Transporte, entrou para o jogo. Suas ações começaram a ser negociadas nesta quarta-feira (7).

Os papeis SEQL3 iniciaram o pregão vendidos a R$ 12,40. Encerraram o dia em queda de 1,6%. De acordo com a empresa, R$ 350 milhões do que for captado vão para o caixa. Metade vai ser usada para aquisição de outras companhias.

Ao divulgar sua entrada no mercado, a Sequoia citou estudos segundo os quais o ecommerce vai crescer mais de 20% ao ano nos próximos cinco anos.

Também nesta semana, o brechó online Enjoei, que conecta usuários para compra e venda de objetos (principalmente roupas) usados e novos, divulgou ao mercado seus planos para entrar na Bolsa.

De acordo com o documento apresentado pela empresa, a ideia é se capitalizar para aumentar o número de usuários, fazer com que cada cliente efetue mais negócios pela plataforma, aumentar a equipe de desenvolvimento e “soluções fintech”.

O preço estimado por ação ficou entre R$ 10,25 e R$ 13,75. O que significa que a Enjoei pretende atingir o valor de mercado de quase R$ 1,3 bilhão. Atualmente, o capital social da empresa é de cerca de R$ 160 milhões.

Como a Enjoei atravessa o dinheiro de compradores pelo seu “enjubank”, pelo qual cobra tarifas de seus clientes, as tais “soluções fintech” servirão para ampliar os serviços financeiros, como ofertas de crédito.

Acontece que o empurrão que o coronavírus deu no ecommerce parece estar arrefecendo neste segundo semestre do ano.

Enquanto o Ibovespa subiu pouco, 1,35% desde 1º de julho, os papéis da Magalu (MGLU3) caíram 0,4%. As ações da B2W (BTWO3) subiram 5,5%.

Uma caminhada pela Avenida Paulista mostra que as ruas e lojas voltaram a estar cheias de gente, ainda que de máscara e tendo a temperatura aferida na entrada de cada estabelecimento. Setores mais tradicionais da economia voltaram a ganhar força.

Não há dúvidas que as vendas pela internet são um mercado parrudo e com enorme potencial de crescimento. Para o investidor, no entanto, é sempre bom ter cautela para não usar o atípico cenário da pandemia para definir suas metas ao comprar ações das companhias do setor, sejam as novas ou as já conhecidas.

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