Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos
Descrição de chapéu indústria

Contenção que valorizou siderúrgicas pode abalar fundos imobiliários

Fica a lição da diversificação de investimentos para o equilíbrio da carteira

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Quando o nome coronavírus tornou-se onipresente nos noticiários, a previsão de desemprego e queda no consumo colocou um freio na indústria. Com operação cara, as siderúrgicas correram para segurar a produção.

Ao abafar dois altos-fornos, em abril, a Usiminas, por exemplo, disse que isso seria “necessário para adequar a produção à demanda de mercado, que se encontra em queda em função da retração da atividade econômica”.

No mesmo mês, a Gerdau também anunciou a paralisação de um dos equipamentos de suas usinas, com a capacidade de produzir 1,5 milhão de toneladas.

Bem depois das concorrentes, no finalzinho de maio, a CSN, disse ter suspendido a produção de um alto-forno com a mesma capacidade. Sempre para “adequar a produção de aço à demanda de mercado”.

Os investidores gostaram das iniciativas. Mesmo com a previsão de baixa demanda, as ações das três siderúrgicas, as maiores em valor de mercado, subiram acima do Ibovespa, principal indicador de desempenho do mercado.

Ainda que tenha registrado um prejuízo de R$ 395 milhões no primeiro semestre, a Usiminas viu seus papéis chegarem, em setembro, ao preço mais alto desde abril de 2019 (ano em que lucrou R$ 376 milhões).

Na CSN, conseguiram manter a conta no azul, mas o lucro, em meio ano, foi um quinto do registrado no ano passado. Ainda assim, seus papéis também eram vendidos, no último mês, a preços mais altos do que em julho do de 2019.

Só as ações da Gerdau ainda não se recuperaram do tombo do coronavírus na Bolsa, mas seguem em ascensão.

Agora, que foi encarado por investidores como uma boa gestão está cobrando um preço alto de outra ponta do mercado.

A economia voltou a andar, a demanda cresceu. Mas fazer um alto-forno voltar a produzir é um processo demorado e caro. Retomar outras unidades de produção também.

No mês passado, os preços do aço subiram 10%, avisou o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço. E um novo aumento em outubro, no mesmo patamar, não está descartado.

A indústria reviu suas estimativas de maneira expressiva, para dizer o mínimo. O Instituto Aço Brasil, que, em abril, previa uma redução de 19,8% no chamado “consumo aparente” do metal em relação a 2019, retificou o número, nesta quinta (1º/10), para uma queda de 4,7%.

No evento em que o novo número foi apresentado, em uma visita a uma usina da Gerdau, o secretário especial do Ministério da Economia Carlos da Costa classificou a alta nos preços como “dores da retomada” da economia.

“Até os estoques preencherem-se novamente, vamos, infelizmente, ter, em algumas localidades, escassez de alguns produtos e preços mais altos, principalmente na ponta”, disse o secretário, com naturalidade.

O Instituto, que organizou a ida de Costa à usina, fez questão de dizer que são “infundadas as informações sobre escassez de vergalhões” para a construção civil.

Infelizmente, ela já foi apontada em diferentes lugares. E o aumento do Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil é um fato registrado pelo Sinduscon-SP.

Para quem investe em empresas do ramo da construção ou em fundos imobiliários (FIIs), é um mau sinal. Alta nos custos de insumos leva a imóveis com preços mais altos e menor liquidez e/ou menor margem de lucro.

Mais uma vez, fica a lição da diversificação de investimentos para o equilíbrio da carteira. A contenção que valorizou as ações das siderúrgicas pode ter efeito negativo em outros papéis.

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