Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Enquanto Eike assume malfeitos, suas empresas sobem até 600% na Bolsa

Entre o início de janeiro e o meio de dezembro, o valor de mercado da companhia foi de R$ 16 milhões para R$ 114 milhões

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Você deixaria seu dinheiro nas mãos de uma pessoa que foi presa, por corrupção e lavagem de dinheiro? E se ela tivesse nas costas ainda outras condenações, por manipulação do mercado de ações? E se o dinheiro fosse aplicado em empresas que já estão, inclusive, em recuperação judicial?

Pois se você tivesse feito isso no começo deste ano, com R$ 50 mil, teria, hoje, cerca de R$ 300 mil nas mãos.

A figura em questão é o famoso dono do Grupo (já chamado de império) X, Eike Batista. E o resultado espetacular, com uma valorização de quase 600%, vem da sua empresa de mineração, a MMX.

Entre o início de janeiro e o meio de dezembro, o valor de mercado da companhia foi da casa dos R$ 16 milhões para cerca de R$ 114 milhões.

E ela não foi a única das criações de Eike a se destacar neste atípico ano de 2020. A OSX, da área de construção naval, viu suas ações subirem mais de 530% em relação ao primeiro pregão do ano.

Isso, não custa lembrar, no ano em que a bolsa foi ao chão, com a pandemia de coronavírus, e acabou de se recuperar. No acumulado de 2020, Ibovespa subiu pouco mais de 1%,

Os papéis de ambas as companhias (MMXM3 e OSXB3) deram seus saltos no início de outubro e no fim de novembro.

O principal motivo apontado para a nova ascensão da OSX foi ela sair da recuperação judicial, na qual estava há sete anos.

Ao sair da recuperação, a empresa passa a ter mais liberdade para negociar novos contratos, apostar em crescimento e investir em novas frentes. E os investidores estariam apostando que a OSX vai no caminho certo.

Já a MMX, que segue em recuperação judicial, teve a seu favor decisões judiciais para retomar uma mina em Mato Grosso do Sul. Mas que não são definitivas.

O caminho, como era de se esperar, não está livre de polêmicas. A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) afirma que as altas se deram por manipulação do mercado e pediu, inclusive, que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anule todas as operações com ações das empresas desde o dia 13 de outubro

Segundo a associação, trata-se de uma bolha que vai prejudicar milhares de investidores quando estourar. Caberá às autoridades analisar a denúncia e dizer se as operações não foram feitas com a lisura exigida.

O empresário já tinha deixado claro, no meio do ano passado, que estava de volta aos holofotes e não pretendia ser discreto. Em evento, no qual dividiu o palco com a cantora Anitta, disse que seu erro foi não notar que havia se cercado de pessoas desonestas.

Vale lembrar que Eike Batista teve homologado, há menos de um mês, seu acordo de delação premiada. Na delação, o empresário faz acusações contra autoridades como senadores e deputados federais. E se compromete a ressarcir os cofres públicos em R$ 800 milhões, pelos próprios malfeitos.

O histórico de Eike deixa claro que o risco de colocar qualquer dinheiro em suas empresas é mais do que alto. O fato de estarem em recuperação judicial exigiu ainda mais estômago e estudo de seus investidores. Ainda assim, quem tinha os papéis em mãos neste ano pode dizer que teve uma boa surpresa.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto informava que o valor de mercado da MMX era de cerca de R$ 19 milhões. O valor correto é R$ 16 milhões. A informação foi corrigida.

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