Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Warren Buffet vs. Elon Musk

Disparidade entre escolhas dos bilionários mostra como é possível encontrar boas oportunidades em diferentes estratégias

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No mercado financeiro, a unanimidade é algo contraproducente. Se todos acreditarem que as ações de determinada empresa vão subir, ninguém venderá os papéis e o mercado ficará estagnado. Por isso, até, não é incomum que haja disparidade nas previsões feitas pelos gurus da área.

A própria definição do prazo da estratégia afeta na decisão sobre hora de vender ou comprar um ativo. As mudanças inesperadas na vida do investidor, por sua vez, podem levar a mudanças de estratégias e, consequentemente, dos ativos que se deve ter em carteira.

Veja o bitcoin, principal criptomoeda do mercado. Chegou à sua cotação máxima histórica nesta semana. Hoje, um bitcoin custa R$ 282 mil, mas, em janeiro de 2020, era vendido por R$ 29,8 mil.

Elon Musk, fundador da SpaceX e Tesla, na Flórida, Estados Unidos - Mike Blake - 2.mar.2019/Reuters

Especialistas conceituados apontam a criação de uma bolha com tal valorização. Outros, também conceituados, dizem que a moeda se firmou de vez no mercado, principalmente após o bilionário Elon Musk (segundo homem mais rico do mundo, de acordo com a Forbes) anunciar a compra de cerca de R$ 8 bilhões em Bitcoin pela sua empresa, Tesla, e dizer que pretende aceitar a moeda digital em troca de seus produtos.

Enquanto as apostas de Musk no mercado financeiro são polêmicas, um outro bilionário é o mais próximo do que se tem de unanimidade nesse meio. Trata-se de Warren Buffet, o megainvestidor, sétimo mais rico do mundo, também segundo a Forbes. Seu método para investir é tido como exemplo pela maioria dos players do mercado financeiro.

A fórmula é até simples: checar a disparidade entre o que a empresa efetivamente vale e o preço de suas ações. É um método que privilegia empresas sólidas, com produtos simples e mercado duradouro. Isso não significa que seja alguém contra tecnologia. Pouco menos da metade da sua carteira de ações (44%, para ser mais exato) é de papéis da Apple.

Nesta semana, Buffet, sem dizer uma palavra, surpreendeu o mercado e mostrou que está pouco confiante nas novidades do mercado.

Acontece que no último dia 16, ele abriu as novas ações que passaram a compor a carteira de sua holding (Berkshire Hathaway) no fim do ano passado, mas foram mantidas em sigilo.

Analistas especulavam que o megainvestidor estivesse montando posições em Disney (que, apesar do impacto da pandemia na frequência de seus parques, tem boas perspectivas com o seu novo serviço de streaming, Disney +) e no PayPal, o serviço de pagamento online.

As apostas de Buffet, no entanto, foram por um caminho bem diferente. Ele comprou 48,5 bilhões de ações da petroleira Chevron, por US$ 4,1 bilhões, 147 milhões de ações da gigante das telecomunicações Verizon, por US$ 8,6 bilhões, e gastou US$ 500 milhões por papéis da Marsh & McLennan, empresa de serviços como corretagem de seguros e consultoria, inclusive de investimentos.

No momento em que análises de fatores ESG (governança ambiental, social e corporativa) são apontados, cada vez mais, como critério decisivo para a escolha das empresas em que se vai investir, o “oráculo” do mercado financeiro aumenta suas apostas na petroleira que, há menos de dez anos, foi responsável por um desastroso vazamento de petróleo na Bacia de Campos (RJ).

Ao mesmo tempo, a Verizon, ainda que seja uma empresa focada em tecnologia, não é um negócio novo. É uma gigante das telecomunicações, que está investindo pesado para abocanhar mais mercado com o 5G.

Ao fim, a “lição” dos novos investimentos, outrora secretos, de Warren Buffet é que, aos olhos do mago dos investimentos, as mudanças vêm aos poucos e que a segurança das grandes empresas pode auxiliar o investidor em um período de grandes incertezas e muitas novidades.

A disparidade entre as recentes escolhas dos bilionários Elon Musk e Warren Buffet mostra como é possível encontrar boas oportunidades no mercado em diferentes estratégias. O mais importante é ter claros os seus objetivos e necessidades.

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