Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Calmaria do Ibovespa pode esconder tendência de baixa das ações

Bolsa manteve-se praticamente inalterada com recente decisão do Copom de aumentar Selic para 3,50% ao ano

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A falta de definição de tendência do Ibovespa está mexendo com o coração dos investidores mais afoitos. Não que o principal índice da nossa Bolsa esteja propriamente andando de lado, mas o sobe e desce constante do gráfico está dificultando vislumbrar uma direção clara.

A Bolsa em si manteve-se praticamente inalterada com a recente decisão do Copom de aumentar a taxa básica de juros (Selic) para 3,50% ao ano. O movimento já era esperado pelo mercado e serviu para baixar o preço do dólar para o patamar mais baixo desde janeiro.

O preço do dólar cai quando o país está mais atraente para investidores estrangeiros. Na equação risco x retorno, os riscos continuam os mesmos (o Brasil segue uma economia emergente com muita dificuldade em controlar a pandemia de Covid-19 e recheado de tensões políticas), mas o retorno para quem compra títulos públicos aumentou.

A cada mudança da Selic, investidores globais refazem as contas para ver se vale colocar um pouco mais de dinheiro aqui. As baixas taxas de juros de países que apresentam pouquíssimo risco, como EUA e Inglaterra, fazem com que seus títulos públicos paguem muito pouco. Já a possibilidade de intervenção do governo em outros mercados emergentes, como a Turquia, torna seus títulos arriscados demais, mesmo com uma taxa básica de juros de 19% ao ano.

Esses grandes investidores, no entanto, não são aqueles que vêm para apostar nas empresas da Bolsa necessariamente. Se investir em títulos do governo já é visto como risco, imagine você colocar dinheiro em ações de companhias em mercados desconhecidos.

A calmaria do Ibovespa pode estar escondendo um movimento de queda do mercado, que ainda virá. Uma forma de entender os bastidores da Bolsa é identificar a tendência de cada ação lá negociada, em vez de um índice ou setor. Quando há disparidade entre as tendências das empresas e do Ibovespa, é melhor ficar atento.

Pois é justamente isso que fica claro em um estudo feito pelo analista Eduardo Ohannes Marzbanian: as 161 ações mais negociadas na Bolsa entraram, desde o meio de abril, em clara tendência de baixa, mas o Ibovespa seguiu praticamente andando de lado.

Não é a primeira e, provavelmente, não será a última vez que isso acontece. E, historicamente, esse tipo de descolamento leva o índice a “ir buscar” a tendência das ações. Ou seja: é possível avistar uma mudança de tendência do Ibovespa: uma queda.

Ao analisar cada setor separadamente, com base nos números do primeiro quadrimestre do ano, o também analista Nilson Marcelo aponta que papéis de setores como das telecomunicações, de consumo cíclico e da saúde já entraram em tendência de baixa. Papéis relacionados à indústria, aos transportes ou às instituições financeiras, no entanto, seguem em rumo de alta.

Claro que as análises apontam apenas tendências com base em gráficos e fatos pretéritos, sem a capacidade sensitiva de prever o futuro. Ainda assim, sinalizam um mercado longe de “estar começando a decolar”, como propagandeou o ex-super-ministro da Economia, Paulo Guedes, no fim de março.

Os dois estudos citados podem ser consultados na íntegra no site Monitor do Mercado.

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