Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Com lucro recorde, bancos dão migalhas para investidores e demissões para funcionários

Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander lucraram R$ 81,6 bi em 2021

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Os quatro maiores bancos brasileiros tiveram lucro recorde em 2021. Contas na mesa, foram R$ 81,63 bilhões de lucro líquido, somando apenas Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander. Foi o maior montante desde 2006.

Para fins de comparação, o que os bancos tiveram de lucro é praticamente o dobro de toda a verba destinada para investimentos federais no Orçamento de 2022.

Saiu ganhando quem tinha ações dos bancões na carteira, então. Certo? Parece que não. Ao menos até agora.

Logo do Itaú em uma agência do Rio de Janeiro
Logo do Itaú em uma agência do Rio de Janeiro - Sergio Moraes/Reuters

Enquanto o lucro das quatro instituições saltou 32%, de 2020 para 2021, a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) para os acionistas subiu apenas 12%, segundo estudo da Economatica, que vende dados de mercado.

No período anterior, de 2019 para 2020, o lucro havia caído 24%. E a distribuição de dividendos e JCP foi tombada em 48%.

Em outras palavras: quando o lucro caiu, a distribuição de dividendos caiu o dobro. Quando o lucro se recuperou, o pagamento aos acionistas subiu metade.

Mas lucros e dividendos deveriam ser apenas uma fração do que o investidor efetivamente ganha sendo um "sócio" das empresas. O crescimento das companhias, teoricamente, levaria à valorização de suas ações, fazendo com que todos ganhem o sucesso das companhias nas quais investem. Repito: teoricamente.

No caso em questão, o caminho foi outro. O valor de mercado de Itaú, Bradesco, BB e Santander, juntos, caiu 16% de 2019 para 2020, e despencou 29% de 2020 para 2021.

Resumindo, de novo: quando o lucro caiu, o valor das ações também caiu. Quando o lucro subiu, os papéis continuaram caindo.

Há uma infinidade de motivos a serem listados para os papéis em queda, o principal deles são as estimativas do mercado, como comentei na semana passada. Se os investidores estiverem otimistas demais, até ótimos resultados podem derrubar o preço das ações, desde que venham abaixo das expectativas.

No caso do Itaú — maior banco do Brasil, com R$ 2,16 trilhões em ativos — o último balanço, divulgado dia 10, superou as estimativas. Os papéis subiram fortemente logo após a divulgação e, hoje, as ações ITUB4 estão valendo 4% mais do que naquela data.

Uma semana depois de impressionar o mercado com seus bons resultados, o banco anunciou um programa de demissões voluntárias, afirmando que isso "não afetará a qualidade e a disponibilidade de seus serviços aos seus clientes".

Em tempos de lucro recorde: migalhas para investidores e cortes para funcionários. Os bancos estão se preparando para uma quadra difícil da economia brasileira nos próximos meses.

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