Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Empresas de saúde redesenham o mercado na pandemia com negócios bilionários

Movimento de fusões e aquisições tem aumentado a consolidação do setor

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Quantidade de balões de oxigênio disponíveis, vagas em UTI, números de leitos... Os hospitais brasileiros passam por um verdadeiro raio-X público desde o início da pandemia de coronavírus.

Quando o noticiário expôs esses números para que a população entenda os possíveis impactos das ondas de Covid-19 e o Poder Público tome as medidas cabíveis, acabou permitindo também que concorrentes e possíveis compradores mapeassem o setor da saúde, em busca de oportunidades.

E não foram poucos, nem pequenos, os negócios originados na área nos últimos dois anos. O movimento de fusões e aquisições tem aumentado a consolidação do setor, ou seja: grandes players comprando os menores ou se fundido com outros tubarões, aumentando a concentração do mercado.

Atendimento dos paciente de covid na UTI do Anexo Hospital Municipal de Uberlândia (MG)
Atendimento dos paciente de covid na UTI do Anexo Hospital Municipal de Uberlândia (MG) - Mariana Goulart - 18.mar.2021/Folhapress

Nesta quarta-feira (24), a Rede D’Or anunciou a compra da gigante dos planos de saúde SulAmérica, em uma "negociação relâmpago". O valor total do negócio ainda não foi divulgado, mas é um forte candidato a maior do ano (e ainda nem chegou o Carnaval).

Em valor de mercado, as companhias somam quase R$ 120 bilhões. São R$ 102,2 bilhões da Rede D’Or e R$ 15,2 bilhões da Sul América, levando em conta a cotação de suas ações nesta quinta-feira (24).

Aliás, a maior transação de fusões e aquisições (chamadas pela sigla M&A) do ano passado foi justamente de empresas da Saúde: quando a Notre Dame Intermédica se fundiu à Hapvida, ambas operadoras de planos de saúde. À época do anúncio, as empresas somavam também cerca de R$ 120 bilhões em valor de mercado.

Engana-se quem acredita que isso se resume aos negócios bilionários do andar de cima. Em 2021, o Brasil teve mais de 240 transações envolvendo empresas da área da saúde, de higiene e cosméticos, de acordo com a TTR, publicação internacional especializada em M&As.

Agora, em janeiro, a TTR elegeu como "negócio do mês" justamente a aquisição do Centro Clínico Gaúcho pela Intermédica, avaliado em R$ 1,06 bilhão.

E os negócios do "andar de baixo" estão apenas começando. Os grandes estruturadores de M&A têm dito que hospitais com mais de 120 leitos já foram comprados e, agora, é a vez dos menores se sentarem à mesa de negociação.

Com a consolidação em curso na indústria de saúde, as operadores independentes encolheram de mais de 5 milhões de beneficiários em 2015 para menos de 4,1 milhões em 2021, de acordo com analistas do BTG Pactual.

Entender o movimento de consolidação é o que traz as boas oportunidades para investidores. Nesta quinta, por exemplo, um dia após o anúncio da fusão com a rede D’Or, os papéis da SulAmérica voaram 15%. Os da Qualicorp, focada em planos para empresas, despencaram também cerca de 15%.

Na interpretação de analistas, isso acontece porque a opção da Rede D’Or pela SulAmérica mostrou aos investidores que ela estaria mais bem posicionada do que seus concorrentes.

Ainda em meio a uma pandemia, a concentração do mercado de saúde chama a atenção e deve ser levada em consideração na hora de definir seus investimentos. A movimentação de fusões e aquisições que agora chega ao andar de baixo tem o poder de redesenhar o papel dos players da área.

E vale notar que, olhando desde dezembro de 2019, as ações de operadoras de planos de saúde tiveram um desempenho abaixo do Ibovespa, principal indicador do nosso mercado. Ou seja: muitos papéis da área estão, como se diz no mercado, descontados.

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