Marcos Lisboa

Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)

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Marcos Lisboa

A ver navios

Lenta recuperação econômica surpreende esquerda e direita

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A lenta recuperação da economia surpreende a esquerda e a direita. Um lado acreditava que sem a expansão dos gastos públicos não haveria retomada da atividade e do emprego. O governo afirmava que bastaria aprovar a reforma da Previdência para o país ser inundado por mais de U$ 100 bilhões em investimento estrangeiro e a economia voltar a crescer vigorosamente.

Ambos estavam errados.

A reforma da Previdência foi aprovada há mais de três meses, bem antes da crise na China, e não houve o propagado aumento de investimento estrangeiro.

Na contramão da crença à esquerda, o ajuste fiscal permitiu a continuação da queda da taxa de juros, iniciada no governo Temer, e o fim da grave recessão construída pela gestão Dilma. O resultado é a retomada, ainda que titubeante, da economia.

Para frustração da direita, a política econômica, até agora, apenas reduziu a taxa de crescimento da despesa do governo, porém foi insuficiente para zerar o déficit primário, como prometeram alguns em momentos de euforia.

A austeridade não é um dogma dos economistas liberais. A expansão do gasto público pode auxiliar a economia, mas não quando o crescimento da dívida ameaça sair de controle.

O ministro da Economia, Paulo Guedes - Divulgação/ME

A sutiliza dos remédios que devem ser administrados em doses certas e nas circunstâncias adequadas parece surpreender os viúvos do PT, que preferem tratar temas de política econômica como um jogo de futebol, em que alguns sempre defendem o ajuste fiscal, enquanto outros bradam a relevância da intervenção estatal.

Curiosamente, esquerda e direita igualmente superestimam a importância da taxa de juros e parecem ignorar a relevância do ambiente de negócios para o crescimento sustentado.

Enquanto isso, o Brasil continua a afastar os investidores em razão da incerteza sobre a política para o meio ambiente, das frequentes alterações nas normas tributárias, das fragilidades do marco regulatório e da insegurança jurídica, incluindo um Supremo que parece não saber bem o seu papel em uma democracia.

Em meio à balbúrdia, fica preservada a burocracia desnecessária construída pela gestão petista, como a PPSA, empresa estatal criada para fazer a gestão dos contratos de partilha em que a Petrobras entrega barris de petróleo ao Tesouro em troca da exploração do pré-sal.

Não seria mais fácil, e barato, a Petrobras simplesmente pagar em dinheiro?

O governo, em vez de extinguir a PPSA, aprovou recentemente a capitalização de outra estatal para construir navios, a Emgepron, além de ter decepcionado quem esperava uma agenda relevante de privatizações.

Pelo andar da carruagem, a agenda liberal está a ver navios no Brasil.

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