Marcos Lisboa

Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Marcos Lisboa

Arrumação

A crise é grave e requer uma imensa coordenação de esforços

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Na última semana, desabrocharam diversos conflitos disfuncionais há muito semeados.

Alguns acreditaram que a aprovação da Previdência seria o resultado de uma nova, e eficaz, forma de relação do Executivo com o Congresso. Engano. A aprovação se deu apesar do confronto crescente.

A reforma estava mais do que madura, quase fora aprovada no governo Temer, e os ruídos criados por teses destrambelhadas sobre os números da Previdência haviam sido desfeitos.

A agenda de reformas enroscou por falhas de ambos os Poderes. O Executivo se perdeu em meio a controvérsias e anúncios fantasiosos que geraram apenas barulho. Por culpa dele, que não sabia bem o que queria, a tributária ficou parada. O mesmo ocorreu com as privatizações.

0
O presidente Jair Bolsonaro (dir.) e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia - Pedro Ladeira - 11.fev.20/Folhapress

O governo gastou parte do seu capital político com a ineficaz medida da liberdade econômica, que, tempos depois, não disse bem a que veio. As medidas constitucionais enviadas ao Senado se dividem entre as inócuas e a importante PEC emergencial, deixada de lado por descaso do Executivo.

A renovação do Fundeb é um capítulo à parte. Começou com uma equivocada proposta do Ministério da Educação, que foi ampliada pela Câmara.

O mesmo ocorreu com o Orçamento impositivo, que foi defendido pelo presidente e pelo ministro da Economia. No seu primeiro ano de aplicação, porém, o Palácio iniciou um conflito inusitado com o Congresso.

A proposta orçamentária aprovada foi avalizada por ministros, incluindo a estranha emenda impositiva do relator, que dispõe de R$ 30 bilhões em tempos de penúria. Posteriormente, porém, o presidente a vetou a pedido dos técnicos. O governo não sabe o que o governo faz?

Recentemente, o Senado entrou na dança propondo benesses sem saber quem vai pagar a conta.

Neste circo que ameaça pegar fogo, alguns temem que a regra do teto de gastos iniba os recursos para enfrentar a crise iniciada pelo novo coronavírus. Os gastos com calamidades, no entanto, estão excluídos do limite do teto, sendo necessária apenas a abertura de crédito extraordinário.

Pelo que afirmam os técnicos, o maior risco dessa epidemia é a sua rápida disseminação, que resulta em demandas de serviços de saúde para além do que cada comunidade pode oferecer.

As necessidades dependerão das condições de cada localidade e, por isso, deve haver recursos livres e inteligência para identificar os problemas específicos e customizar as soluções.

Na semana em que costeamos o precipício, o tamanho do problema impôs um meio armistício. Que seja o freio de arrumação e paremos com esse jogo inconsequente. A crise é grave e requer uma imensa coordenação de esforços.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.