Marcos Lisboa

Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)

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Marcos Lisboa

De onde vêm as vacinas?

Concorrência no setor privado promove inovações

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A pandemia resgatou a relevância do setor público que, em outros países, cuidou dos protocolos de saúde, das medidas de distanciamento social e da compra antecipada de vacinas em grande escala.

Pouca ênfase, contudo, tem sido dada à contribuição do setor privado, como o progresso da comunicação remota que viabilizou muitos negócios continuarem a funcionar.

As principais vacinas, Pfizer e Moderna, foram desenvolvidas por laboratórios privados, resultado da corrida competitiva que se estabeleceu na tentativa de conseguir, antes dos demais, um combate eficiente à contaminação.

Curiosamente, Karl Marx foi o primeiro economista a apontar que os mercados estimulavam a inovação. Joseph Schumpeter desenvolveu o argumento, denominando-o destruição criativa. Pressionadas pela concorrência, empresas tentam recorrentemente descobrir produtos, tecnologias ou métodos de gestão.

O resultado foi o imenso aumento da produtividade e da renda nos últimos 250 anos. Atualmente, mesmo países pobres têm maior qualidade de vida do que os países mais ricos em 1800, como comentou Robert Fogel em “The Escape from Hunger and Premature Death”.

Isso não significa, contudo, que uma economia de mercado esteja livre de problemas. O século 19 assistiu ao aumento da pobreza nas grandes cidades da Europa e dos EUA. A política pública foi essencial para garantir maior igualdade de oportunidades e do bem comum por meio, por exemplo, da educação e da infraestrutura urbana.

Crises ocasionais, como as que ocorreram em 1929 e 2008, requerem medidas especificas para tratar situações extremas.

Além disso, empresas líderes por vezes adotam práticas anticompetitivas para proteger seus mercados. Cabe ao governo identificar esses casos e fazer as intervenções adequadas, o que não é simples, nem livre de efeitos colaterais.

A interação entre a política pública e os mercados é engenharia complexa. Cuidar do bem comum inclui tratar dos seus impactos sociais, além de preservar a capacidade inovadora dos mercados. Esse é o tema de Philippe Aghion e coautores em “The Power of Creative Destruction”.

As duas principais vacinas se beneficiaram de pesquisa básica feita em instituições privadas, como a Universidade da Pensilvânia, e públicas, como o NIH. Governos estimularam a concorrência entre muitos laboratórios ao apoiar estudos e ao garantir compras sem saber de antemão quem seria bem-sucedido.

O caso da vacina é mais comum do que parece. Governos e setor privado se entrelaçam na pesquisa básica. A concorrência nos mercados, por sua vez, encarrega-se dos múltiplos desenvolvimentos de tecnologias e produtos que afetam a vida cotidiana.

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