Marcos Lisboa

Economista, ex-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005, governo Lula)

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Marcos Lisboa

Até breve

Continuarei nesta Folha mensalmente, em outro espaço. Aos leitores e editores, muito obrigado.

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Foi um privilégio escrever neste espaço por cinco anos. A coluna curta, em formato estreito, fez-me um aprendiz. Na versão impressa, há o risco de "viúva", a última palavra de um parágrafo, que fica sozinha na linha.

Deve-se moderar a quantidade de argumentos e evitar ironias ou ambiguidades. O ideal é deixar claro de saída o tema da coluna, mas o fato de ser curta permite a brincadeira de explicá-la na última frase. Adjetivos e advérbios podem revelar inépcia na escolha dos substantivos e dos verbos.

Por vezes, errei na sutileza ou deixei de seguir as regras. Abusei das analogias: contava uma história para ilustrar um tema do cotidiano.

Após o impeachment de Dilma, achei que o novo governo deveria esclarecer os problemas que encontrara. Lembrei-me de Graciliano Ramos e de seus relatórios quando foi prefeito de Palmeira dos Índios (AL).
Utilizei frases dos seus textos para provocar o tema. Nomeei Graciliano apenas no fim, após contar a lenda sobre a relevância dos seus relatórios para a descoberta de que escrevia romances.

Tentei homenagear os que me encantaram, como Ivan Serpa e Marilynne Robinson. Quando Rogéria morreu, escrevi sobre o impacto da sua volta ao Rio de Janeiro nos anos 1970. Faltava um fecho, mas nada que um almoço com Zeina não resolvesse.

Filme ‘Rogéria - Senhor Astolfo Barroso Pinto’
Cena do filme ‘Rogéria - Senhor Astolfo Barroso Pinto’ - Divulgação

Depois de explicar-lhe sobre a galeria Alaska, onde ficava o teatro que acolhia homossexuais e travestis, veio a pergunta: o que ocorrera com o lugar? Transformara-se em igreja evangélica, descobrimos. Rimos ao constatar a ironia com o difícil momento do país.

Quando houve a denúncia acerca de um conluio gravado entre Temer e um empresário, o usual seria escrever sobre o ocorrido. Mas tudo me parecia fora do lugar. Ao ler a reportagem em O Globo, tive a impressão de que se tratava de versão editada. O texto, contudo, relatou o diálogo como se fosse uma transcrição fidedigna.

Fiquei desconfiado: a imprensa caíra em uma armadilha? Havia também a tristeza com um novo escândalo. Escolhi escrever sobre Pixinguinha. Não fiquemos acabrunhados, tentei dizer. Há um Brasil que vale a pena. Era o mote da coluna.

Na posse de Bolsonaro, lembrei-me do Barão de Itararé, que satirizava todos em seu jornal. Depois de ser sequestrado por militares e tomar uma surra, pôs uma placa na porta de sua sala: "Entre sem bater". Foi minha resposta à chegada do capitão reformado e seus brutamontes. A coluna, pareceu-me óbvio, tinha que começar homenageando Billy Wilder.

Cada crítica dos leitores ajudou-me a tentar aperfeiçoar o ofício. A generosidade dos editores permitiu-me ajustar as colunas noites adentro. A ambos, muito obrigado. Continuarei nesta Folha, mensalmente, em outro espaço.

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