Quantos sapatos usamos por semana? Dois ou três pares? Por que, então, lotamos nossos armários com dezenas de pares, a maioria dos quais jamais será usada? Bolsas, roupas, cintos, perfumes e até mantimentos também são estocados sem necessidade, devido à nossa compulsão pelo consumo (falei nossa porque também sou suscetível a liquidações, ofertas e lançamentos de produtos, como quase todas as pessoas).
Teremos de mudar esse padrão de consumo. Desde 1º de agosto último, a humanidade já está sacando a descoberto os recursos do planeta. Explico: nessa data, estouramos o nosso orçamento ambiental. Estamos consumindo 1,7 Terra, ou seja, 70% a mais do que nosso planeta consegue regenerar em um ano.
Consumimos tudo em excesso: água tratada para lavar calçadas; açúcar, sal e gorduras em alimentos; combustíveis fósseis que aquecem o ambiente; energia elétrica produzida por usinas hidrelétricas ou termelétricas.
Já ouvi argumentos de que a pessoa trabalha muito, mofa no trânsito e paga milhares de contas e de impostos. Logo, teria o direito de consumir à vontade com o dinheiro legitimamente recebido.
Seria verdade se não estivéssemos liquidando o único planeta em que, até agora, temos oxigênio, água e temperaturas razoáveis para viver.
Por falar em temperaturas, no norte da Sibéria, região russa associada à neve e ao frio extrema, elas bateram nos 32º C. A seca atinge locais inesperados. Os moradores de São Paulo, que já foi a terra da garoa, estão sempre atentos ao nível dos reservatórios. Este inverno registrou mais de 100 dias corridos praticamente sem chuvas.
Por mais protocolos que sejam assinados para melhorar a situação ambiental, não reduziremos o risco de catástrofes climáticas severas e frequentes sem aprender a consumir com mais equilíbrio.
Assim como um bom orçamento é aquele em que as despesas não superam os ingressos de dinheiro, o melhor cenário ambiental seria o sem sobrecarga de consumo em relação aos recursos naturais. Essa conscientização tem de ser coletiva, mas também individual.
Não podemos mais desperdiçar água, energia, alimentos e outros insumo básicos à vida. Até porque, sem recursos, não haverá consumidores. Na verdade, nem mesmo habitantes.
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