Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci

Empresas aéreas querem que passageiro viaje em pé?

Se pergunta parecer absurda, mais ainda é a companhia aérea cobrar pela marcação do assento

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Você consegue imaginar um passageiro que viaje em pé durante um voo entre São Paulo e Rio de Janeiro, ou em qualquer outro trajeto? Se a pergunta parecer absurda, mais ainda é a companhia aérea cobrar pela marcação antecipada do assento.

Quem compra um bilhete para um voo, implicitamente, já adquiriu um lugar, a não ser que as empresas do ramo pretendam colocar os passageiros do lado de fora do avião, no trem de pouso ou na asa. Os abusos no transporte aéreo do Brasil passaram do limite.

Na última sexta-feira (27), Ministério Público, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Associação Brasileira de Procons foram apurar de perto as irregularidades e o desrespeito a que são submetidos os passageiros. A ação faz parte da operação “Bagagem sem Preço”.

Assentos da Classe Executiva. Lufthansa apresenta o Boeing 747-8 Intercontinental, o maior aviao comercial da empresa, que comeca a operar a partir de hoje no aeroporto Internacional de Cumbica em Guarulhos, na operando na rota Sao Paulo-Frankfurt
Quem compra um bilhete para um voo, implicitamente, já adquiriu um lugar - Apu Gomes/Folhapress, Mercado

Em uma dessas abordagens, Sophia Martini Vital, diretora do Procon Porto Alegre, questionou a cobrança para reserva de assentos, pois “o passageiro tem de ir sentado”. Pois é, a que ponto chegamos!

As tarifas não caíram com o pagamento para despacho de bagagem, como havia sido prometido pelas companhias. Além disso, o passageiro que não antecipa a compra deste serviço paga ainda mais pelo despacho.

Para evitar este gasto extra, passageiros têm levado o peso máximo permitido pela bagagem de mão (10 kg). Como não há, geralmente, espaço para acomodar todas estas maletas, mochilas e sacolas, parte delas é etiquetada e colocada no porão dos aviões. Pessoas idosas são obrigadas a carregar desconfortáveis bagagens de mão enquanto circulam pelo aeroporto.

Os preços dos bilhetes também poderiam ter caído se tivesse sido aprovado, no final do ano passado, projeto de lei para redução das alíquotas de ICMS incidentes sobre o querosene de aviação, insumo que tem o maior peso neste transporte. Mas o plenário do Senado rejeitou o projeto, que estabelecia teto de 12% para este imposto, cuja alíquota varia até 25%.

Seria uma medida efetiva para queda dos preços das passagens, mas não era apoiada pelos governadores, sempre em busca de recursos financeiros em meio à falência generalizada dos estados.

Outro bom projeto, dos aeroportos regionais, também não andou como deveria, o que torna especialmente sofrido o transporte de pessoas em unidades da federação com dimensões continentais, como Amazonas e Pará, que deveriam contar com ampla oferta de voos mais acessíveis.

A agência reguladora da área, Anac, parece assistir a tudo isso da janelinha do avião. O desenvolvimento do Brasil, nos últimos anos, saiu do litoral para o interior do país, principalmente pela força do agronegócio. Mas ainda somos obrigados a viajar em rodovias inseguras, em longos trajetos.

Alguém está cuidando disso? Há providências em andamento para melhorar esta situação?

Não para todas essas perguntas. Então, corremos mesmo o risco de viajar em pé nos aviões.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.