Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci

Você é um consumidor analógico ou digital?

Cabe ao consumidor avaliar o atendimento online e reclamar em caso de problemas

Gostosuras ou travessuras, dizem as crianças –às vezes, nem tanto– no Halloween. Analógico ou digital, deveriam perguntar as lojas que nos seguem, via algoritmos, nas redes sociais e que tais. Afinal, há uma imensa diferença entre o consumidor que precisa ver o produto, tocá-lo, experimentá-lo, se possível até testá-lo, e aquele que o escolhe em um site, avalia suas características e preços, clica para colocá-lo no carrinho virtual e paga com cartão de crédito. Uma diferença, digamos, da água para o vinho.

É provável que muitos estabelecimentos comerciais nem se preocupem com isto. Então, cabe a você, meu caro, minha cara, dizer o que espera de determinada experiência de compra. Se quiser mais informações, explicações sobre o funcionamento, ou se basta o que já foi postado no site.

Quem é analógico, tem mais de 50 anos, ou algo assim, não está familiarizado com questionários pós-entrega do produto ou serviço. Fundamentais, porque permitem avaliar a forma como foram tratados pós-vendas. A propósito, mesmo que não acredite na eficácia do controle de qualidade da empresa com a qual se relacionou, dê nota para o atendimento.

E não tenha vergonha alguma de reclamar. Não se avexe, não. Os mais jovens, podem acreditar, são consumidores exigentes e críticos. Já nasceram com acesso à Internet, quiçá via banda larga. Manejam dispositivos móveis com familiaridade e tranquilidade. Não aceitam engodos nas relações de consumo. E estão sempre atentos a opções não convencionais, colaborativas ou não, que nos aproximam do período em que, para o bem ou para mal, produzíamos em casa, no ambiente familiar, a maioria dos itens de que necessitávamos.

Se o brigadeiro feito com esmero por uma colega é bom, por que comprá-lo em uma padaria ou doceria convencional? Logo, eles apontam para um novo tipo de mercado, menos tradicional, mais personalizado. Em que a qualidade volta à cena, como estrela do espetáculo. Nem é preciso comprar, no sentido estrito do verbo. Podemos trocar, alugar etc. 

Então, ainda que tenha mais idade e gosto pelo contato pessoal, face a face, não custa nada pegar emprestados alguns avanços que os mais jovens nos ensinam. E aos lojistas, fica a dica: não adianta reclamar do comércio digital. Veio para ficar. Para valer a pena, os negócios face a face devem ter muitos benefícios em relação aos que ocorrem pela Internet.

Há limitações, é claro, como a falta de padronização nas confecções e nos calçados. Como garantir que o “P” não seja médio? Mas isso vai melhorar, porque ninguém gosta de jogar dinheiro no lixo. Se não hoje, logo mais.

Então, talvez não haja sentido na nostalgia de quem se incomoda em não ir às lojas presencialmente, fisicamente. A não ser, como ressaltei, que a experiência seja altamente compensadora. Pensando bem, há espaço para todo o tipo de comércio, se for feito com profissionalismo, alta qualidade e carinho. Aliás, este é um ingrediente muito especial, que faz toda a diferença.

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