Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci

Yes, não somos avestruzes

Parte expressiva da população luta para amenizar os efeitos do coronavírus, com solidariedade, desprendimento e criatividade

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Nas últimas semanas, multiplicaram-se as notícias negativas, pois enfrentamos uma pandemia cruel, que adoece, mata e ceifa empregos. Mas, apesar disso, também, tivemos boas surpresas neste confinamento.

A melhor delas foi termos continuado abastecidos de alimentos, remédios e outros produtos essenciais, mesmo em isolamento social. Em quase todos os dias, foi regular o acesso à banda larga. Embora haja exceções, yes, nós não somos avestruzes. Milhões de nós enfrentam o vírus com proteção individual, higiene, isolamento e criatividade.

Para não dizer que tudo dá certo, nesta segunda-feira (4/5) usuários de diversas regiões do país relataram instabilidade na Internet fixa. Ainda assim, milhões de pessoas têm trabalhado home office, e usado smartphones, laptops e tablets para assistir filmes, lives e outros programas. E se comunicado por chamadas de voz no celular ou videoconferência.

Não tem havido problemas gerais no fornecimento de energia elétrica, de água e gás encanado, exceto os que já ocorriam antes. E os pequenos comércios de bairro –mercadinhos, bares, pizzarias, farmácias, docerias, delivery de bebidas, dentre outros– continuam suprindo os vizinhos com produtos essenciais.

Têm ocorrido problemas mais localizados, como o aumentos dos preços dos botijões de gás. Em determinadas semanas, houve escassez do do GLP residencial. Os Procons têm atuado para evitar abusos durante a pandemia, como faziam antes da Covid-19.

Até quem não tem estrutura de delivery, como pequenas bancas de jornais e revistas, lojinhas de produtos para celulares, salões de beleza, restaurantes de bairro e costureiras (que fazem as máscaras que nos protegem) entrega em domicílio, deslocando-se a pé, de bicicleta ou carro. Nesses casos, quem faz também entrega.

Dentistas mantêm o atendimento, ainda que tenham de redobrar a proteção e de reforçar a higienização de todos os instrumentos antes e depois de cada consulta. A telemedicina tem ajudado as pessoas a continuar cuidando da saúde.

Além da multiplicação de doentes e mortos, os impactos econômicos são gravíssimos, mas a sociedade reage com trabalho nas atividades essenciais e muita criatividade.

A solidariedade está em alta. Empresas se reuniram em movimento para evitar a demissão de dois milhões de trabalhadores, como pode ser visto site naodemita.com. Montadoras passaram a fabricar respiradores; indústrias de bebidas, álcool em gel.

Grupos no WhatsApp e no Facebook têm indicado prestadores de serviços e lojinhas, ajudando quem precisa comprar e vender. Isso ocorreu nas compras de ovos de páscoa, e se repetirá no Dia das Mães (10/5).

Também há um legado de doações. Somente o governo paulista arrecadou quase R$ 600 milhões de 362 empresas, integrantes do Grupo Empresarial Solidário de São Paulo, que atua em conjunto com as autoridades estaduais no enfrentamento à pandemia.

Cidadãos têm doado máscaras, álcool em gel, cestas básicas e dinheiro. E há bons exemplos de mobilização comunitária, como a que propiciou a contratação de uma equipe com ambulâncias (uma delas, UTI móvel), médicos, enfermeiros e socorristas em Paraisópolis, bairro da zona sul de São Paulo.

Grandes e pequenas empresas têm colaborado na construção de hospitais de campanha. Artistas têm feito lives para animar as famílias que estão em quarentena. Alguns cantam de suas sacadas, outros pela Internet.

A campanha “Juntos pela Música” faz doações a compositores que comprovam dificuldades financeiras devido ao coronavírus.

Também museus famosos abriram suas galerias para visitas virtuais. Chefs renomados têm partilhado suas receitas. E as operadoras de TV por assinatura abriram canais gratuitamente, por tempo indeterminado ou temporariamente.

Até a política, sempre demonizada, foi fundamental para o auxílio emergencial a trabalhadores informais, desempregados e beneficiários do Bolsa Família. Para que esta ação fosse viabilizada, reuniu Legislativo, Executivo e Judiciário.

Há falhas na logística de pagamento, com longas filas nas agências da Caixa Econômica Federal, mas, no final de abril, mais de 46 milhões de brasileiros já haviam recebido a primeira parcela do auxílio emergencial.

Profissionais da saúde, segurança, transporte, entregas, infraestrutura, entretenimento, jornalismo, comércios essenciais (farmácias, restaurantes, supermercados, padarias), industriários, agricultores, gráficos, garis e coveiros, dentre outros, estão na linha de frente, para que os demais possam ficar em casa.

Ou seja, enquanto irresponsáveis fazem carreatas ou agridem covardemente trabalhadores da saúde e jornalistas, parte expressiva da população luta para amenizar os efeitos do coronavírus, com solidariedade, desprendimento e criatividade.

Não coloque tudo isto a perder. Quem puder, #fiqueemcasa.

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