Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus

Cuidados com a saúde continuarão impactando comércio e serviços

Preocupam muito os reajustes de até 25% que as operadoras de planos de saúde aplicaram nos contratos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Empresários ganharam uma responsabilidade a mais com a pandemia de coronavírus: proteger a saúde do cidadão nas relações de consumo. Isso vai da oferta de álcool em gel, à demarcação do espaço em filas para manutenção do distanciamento social.

Abrange, também, a higienização frequente de pisos, gôndolas e caixas, e o uso de máscaras pelos atendentes, dentre outras providências. Mesmo que as vacinas atualmente em teste sejam bem-sucedidas, e cheguem rapidamente à população, cuidados com a saúde continuarão valorizados pelo consumidor.

Nesse sentido, preocupam muito os reajustes de até 25% que as operadoras de planos de saúde aplicaram nos contratos, que só foram barrados por 120 dias pela pressão do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A (ANS) Agência Nacional de Saúde Suplementar só agiu após ameaça de Maia de que, se a medida não fosse revisada, pautaria a votação de um projeto de lei do Senado que proíbe os reajustes por quatro meses.

Os planos pessoa física, cada vez mais raros, são reajustados por índice determinado pela ANS. O temor é que, passado este período, as operadoras tentem "recuperar o tempo perdido", impondo aumentos retroativos a seus clientes de planos coletivos empresariais e por adesão (de associações profissionais, classistas ou setoriais).

Causou estranheza a voracidade destes reajustes. Devido ao coronavírus, houve queda generalizada na demanda de consultas, exames e procedimentos cirúrgicos eletivos. Essa turbulência ocorre quando estamos revendo hábitos em função da luta contra a Covid-19, em um cenário de menos trabalho e renda.

Mas voltemos aos hábitos saudáveis. As pessoas já devem ter percebido que lavávamos pouco (e mal) as mãos. Embora antes da pandemia não houvesse risco de contrair a Covid-19, isso deve ter provocado milhares ou milhões de outros problemas de saúde. Como, por exemplo, passar mal após uma refeição.

Afinal, contaminação sempre existiu. Só não prestávamos atenção a esta ameaça.

Ficávamos até surpresos ao constatar que, em alguns países, como o Japão, quem estivesse resfriado ou gripado usasse máscara no transporte coletivo, em shoppings etc. Um hábito civilizado que deveríamos manter, quando o coronavírus não for mais um pesadelo diário.

Excelência na higiene e na limpeza têm de continuar, inclusive nos espaços públicos, quando voltarmos ao normal possível. E se somar aos exercícios físicos, alimentação saudável, boas horas de sono, consultas e exames médicos regulares.

Isso para quem já conta com toda a infraestrutura de saneamento e habitação. Pois, lamentavelmente, para um grande contingente de brasileiros, a questão é muito mais grave: eles não dispõem de água e esgoto tratados, de coleta de lixo e nem de moradias minimamente dignas.

As teles, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e os governos em todos os níveis também terão de melhorar muito, mas muito mesmo, a infraestrutura de acesso à internet. Caso contrário, continuaremos com uma subcidadania digital criminosa, que tem privado milhões de estudantes de continuar suas aulas por meio de sites, vídeos, podcast etc.

Todas estas providências são urgentes, porque o atendimento a algumas das demandas, como saneamento básico, está décadas atrasado. Devido à inapetência das autoridades por resolver problemas fora de períodos eleitorais, não há como as empresas deixarem de se envolver nas soluções a desafios tão complexos e diversos.

Os cuidados com a saúde em lojas, supermercados, shoppings, restaurantes, bares, hotéis e outros estabelecimentos também serão ainda mais importantes devido à longevidade e ao envelhecimento de parcela significativa dos habitantes do Brasil. Com ou sem pandemias, idosos precisam de pisos antiderrapantes, bancos confortáveis, banheiros acessíveis e limpos, além de disponibilidade de atendimento médico emergencial.

Estes desafios se ampliaram com a pandemia, mas continuarão na ordem do dia depois da tempestade.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.