Este longo período de quarentena, no mínimo de algum distanciamento social, nos fez recorrer muito mais às compras virtuais e ao delivery. Certamente foi muito difícil para bares, restaurantes, padarias, lojas de bebidas e de doces se acostumar a somente ir até o cliente, mas tiveram de se adaptar rapidamente para sobreviver.
Algumas se superaram: passaram a enviar bilhetinhos manuscritos com os produtos, acrescentando calor humano ao serviço. O consumidor agradece e pede que esta gentileza não termine quando a pandemia passar.
Os bilhetes da quarentena adicionam um sorriso a uma situação em que estamos forçados a rejeitar o contato humano. Mostram, portanto, que sempre é possível estar mais próximo dos clientes, ainda que a uma distância segura, com máscara e muito álcool em gel.
Já tratei aqui da notável reação das lojas e mercados de bairro, que chegam a dar dicas sobre o preparo de receitas com ingredientes adquiridos pelos consumidores. Uma quebra muito bem-vinda em uma rotina de medo, tristeza e de dificuldades diversas.
Os recados carinhosos ficam ainda melhores quando redigidos a mão. Dão trabalho extra para quem já tem de receber o pedido, prepará-lo, acondicioná-lo e distribui-lo em recipientes que o mantenham intacto, quente ou frio. Mas criam um laço de verdadeira fidelização, que não acontece na marra, e sim pela conquista do comprador.
Da mesma forma, os clientes sabem reconhecer as empresas que tomam providências efetivas para proteger o meio ambiente, ao utilizar embalagens recicláveis. E valorizam as que adotam práticas em favor da diversidade.
Foi o caso da rede de lojas da empresária Luiza Trajano, que não recorreu a demissões para enfrentar a pandemia. Além disso, criou uma plataforma para empreendedores venderem seus produtos e-commerce. Sua campanha contra a violência doméstica ganhou mais relevância com a pandemia de coronavírus, pois as denúncias de feminicídio aumentaram durante o isolamento. Mais recentemente, Luiza anunciou um programa de trainee exclusivo para negros, a fim de que tenham mais oportunidade de ocupar cargos de chefia.
Se alguém considerar tais ações mero marketing, lembremos que algumas companhias pressionaram contra a quarentena, demitiram nos primeiros dias da pandemia, e foram contra as medidas de isolamento por questões meramente comerciais.
Os nomes destas empresas estão bem anotados, pois mostraram sua verdadeira face. Por ganância, ideologia política, ignorância e desprezo pela vida, colocaram o ser humano em último lugar. Para elas, os bilhetinhos dos consumidores não seriam nada carinhosos. Que recebam a resposta no balanço das vendas.
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