Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus

Automedicação fajuta ameaça a saúde

A cada semana, novos produtos surgem em e-mails não solicitados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Você provavelmente receba dezenas ou centenas de e-mails com oferta de medicamentos e de vitaminas. Também as desagradabilíssimas ligações de robôs. São mensagens que oferecem milagres mediante simples pagamento. Não compre estes produtos fajutos. Somente médicos podem receitar remédios. Vale lembrar: ainda não há cura para a Covid-19, nem tapetes que mantenham o vírus fora de casa, soluções milagrosas para emagrecer, parar de fumar, resolver a disfunção erétil e eliminar o diabetes enquanto come doces.

Deveria ser óbvio, por exemplo, que uma loção não fará uma pessoa calva ficar cabeluda da noite para o dia. E que a melhor forma de manter a saúde seja seguir aquelas normas simples: alimentação saudável, prática de exercícios físicos regulares, dormir bem, não fumar e não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas. Alimentos com muito açúcar, sal e gorduras também devem ser evitados ao máximo.

Sei que são sugestões por demais repetidas. Não há novidade alguma nelas. Então, por que comprar panaceias divulgadas por e-mail marketing?

Por exemplo, você pode fazer um suco para desintoxicar o organismo, com couve, cenoura, laranja, espinafre, maçã, gengibre e limão, dentre outros legumes, verduras e frutas. Qual a necessidade de comprar bebidas detox para curar doenças? O que nos ajuda a ter mais saúde, desculpem-me insistir na obviedade, é aquilo que nossos avós já nos ensinavam: moderação e equilíbrio à mesa, atividades físicas, noites bem dormidas e bom humor. E, é claro, ir ao médico de confiança na periodicidade combinada.

Vejamos o caso do coronavírus. Enquanto a vacina não estiver disponível, o que temos de melhor é o distanciamento social, acompanhado do uso da máscara na presença de outras pessoas, além de rigorosa higiene das mãos com sabão e álcool em gel.

Os milagres da medicina não são feitos com uma varinha mágica nem cozidos em um caldeirão. São fruto de muitos anos de pesquisa e de prática. Fake news na saúde são ainda mais graves do que em outras áreas. Limão tem vitamina C, que melhora a imunidade, mas não cura o câncer. Se curasse, ninguém mais teria esta doença, e ficaria livre de tratamentos invasivos como rádio e quimioterapia.

Mesmo os aparentemente inofensivos chás, cujos vendedores e fabricantes apregoam solucionar os mais diversos problemas de saúde, não deveriam ser tomados sem orientação médica. Sim, em excesso, podem fazer mal.

A cada semana, novos produtos surgem em e-mails não solicitados: joelheiras milagrosas, cintas emagrecedoras, bem como remédios que a medicina desconhece. Se eles continuam disparando mensagens, presumo que alguém compre, com a esperança de que sejam mais rápidos, baratos e eficazes do que os convencionais.

A boa notícia é que, realmente, a medicina tem operado milagres. No passado, tuberculose e câncer eram sinônimos de fim da existência. A vacina BCG evita as formas mais graves de tuberculose. Para a maioria dos cânceres, hoje, se diagnosticados precocemente, há elevado percentual de cura.

No início desta pandemia, que pegou o mundo todo de surpresa, os profissionais de saúde tiveram de aprender a tratar os pacientes com a Covid-19. Com o passar dos meses, milhões de pacientes se recuperaram, embora, faço questão de insistir, não haja até agora nenhum remédio comprovadamente capaz de curar esta doença. Mas em mais alguns meses haverá vacinas, desenvolvidas e testadas em tempo recorde para nos proteger deste vírus. Você pode contar com esses milagres comprovados pela ciência.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.