Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus inflação

Estagflação é um bicho-papão nada natalino

Só não estamos enfrentando uma inflação maior por anemia econômica que adoece o Brasil desde 2014

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Consumidora, consumidor, vamos falar sério. O Banco Central disse que a alta da inflação é temporária. A questão é que a taxa de outubro chegou a 0,86%, a maior para o mês desde 2002! Parecia que jamais teríamos de enfrentar esta ameaça novamente. Mas também pensávamos que nunca mais alguém afirmaria que a terra é plana, ou que voto bom é o impresso. Esta tendência de estagflação (estagnação com inflação) é um bicho-papão nada natalino.

O que fazer? Muita pesquisa de preços e um Natal colaborativo, com amigo secreto e ceia mais modesta. Quem for religioso, que reze.

Só não estamos enfrentando uma inflação muito maior por um triste motivo: a anemia econômica que adoece o Brasil desde 2014. Caso contrário, os preços já estariam em nossos pesadelos.

Como parte da carestia se concentra na comida e na bebida, é provável que você sinta um peso muito maior do que os números registram. Isso ocorre porque o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) considera vários grupos de produtos e serviços. Em uma economia deprimida, há segmentos que seguram preços para manter algum nível de vendas, especialmente durante a pandemia de coronavírus.

Já o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), que registra a inflação de produtos agropecuários e industriais vendidos no atacado, e de bens e serviços comercializados ao consumidor no varejo, mais os custos da construção civil, acendeu o sinal amarelo. Acumula alta de 21,97% em 2020, e de 24,52% nos últimos 12 meses.

Pelo fato de o IGP-M ser o indexador de vários serviços –como TV por assinatura, energia e contratos de aluguéis residenciais–, há um grande desafio: conter os aumentos de preços.

No caso dos aluguéis, a sugestão é negociar com o proprietário. Nos períodos mais críticos de isolamento social, em que muitos tiveram redução parcial ou total da renda, houve muitas negociações bem-sucedidas.

Enquanto nós tratamos de um tema tão desagradável, quem deveria cuidar disso por delegação das urnas, só pensa naquilo. No caso, as eleições de 2022, em que votaremos, por exemplo, para presidente.

Espero, portanto, que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tenha razão. Caso contrário, quem assumir a Presidência da República terá de reinventar a roda, ou seja, de domar a inflação novamente. E, nesse meio tempo, sofreremos todos, mas com muito mais intensidade quem estiver desempregado, sobreviver de trabalhos informais ou de empregos pessimamente remunerados.

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