Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci
Descrição de chapéu Folhajus

Prepare-se para várias renegociações de dívidas

Não deixe que os débitos em atraso se tornem bolas de neve

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Muitos acontecimentos vão marcar 2022. Por exemplo, as eleições presidenciais, fundamentais para que o PIB (Produto Interno Bruto) volte a crescer, levando à geração de empregos e de renda. Este ano também será marcado, certamente, pela negociação de contas com fornecedores públicos e privados. E pela renegociação da negociação, por quem não conseguir honrar os acordos de pagamentos dos débitos em atraso.

Não deixe as dívidas se tornarem bolas de neve, pois aumentam à medida que o tempo passa. Ao primeiro sinal de que não terá condições de pagar em dia, procure a loja, o prestador de serviços ou a repartição pública. Exponha sua situação, comprove a perda de renda ou de emprego com total transparência. Converse, argumente, negocie, peça mais prazo e melhores condições de pagamento.

É sempre mais vantajoso fazer isso do que ter um serviço cortado e o nome incluído no cadastro de devedores. Quando a iniciativa de negociação parte de quem deve, há mais chance de que consiga um acordo melhor.

As dívidas estão tirando o seu sono?
As dívidas estão tirando o seu sono? - Pexels

Mas devo ressaltar: a renegociação das dívidas só terá um efeito positivo se o devedor mudar seus hábitos de consumo, cortando despesas supérfluas e economizando em itens como energia elétrica, combustíveis e gás de cozinha, para citar alguns cujos preços estão na estratosfera.

Mais de 64% das pessoas que renegociaram suas dívidas em 2020 voltaram a atrasar contas ao menos uma vez, apurou pesquisa nacional da Boa Vista, empresa de análise de crédito. Desemprego e oscilação da renda foram os principais fatores para esta inadimplência renovada.

Correção, multa e juros em cascata, por outro lado, podem deixar os débitos fora do controle do consumidor. Em 2021, 70,9% das famílias brasileiras tinham dívidas, índice que atingiu 76,3% em dezembro último, conforme Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio.

E há tendência de crescimento das contas atrasadas, ou seja, da inadimplência. Como o desemprego, a inflação e os juros continuam muito elevados, e a renda achatada, não há, lamentavelmente, como prever um cenário melhor ao longo deste ano.

Lembre-se: especialistas sempre advertem para os riscos do uso do crédito rotativo do cartão. Além disso, pagar a dívida de um cartão com outro, empurrando-a para frente, é trilhar o caminho da ruína financeira.

Um exemplo de negociação positiva é trocar as dívidas do cartão de crédito, que têm taxas estratosféricas, por crédito consignado ou direto ao consumidor, com juros mais civilizados.

Outra saída pode ser a portabilidade bancária –transferência de operações de crédito de um banco para outro, quando há oferta de CET (Custo Efetivo Total) menor. O CET engloba despesas, taxas e custos do crédito.

Para ter saúde financeira, vale a pena até se desfazer de parte do patrimônio. Mas de nada adiantará este sacrifício se o orçamento estiver desequilibrado. Pior ainda se não houver orçamento mensal.

Outro lembrete: o voto é o instrumento mais importante para piorar ou melhorar nossas vidas. Se duvida disso, não se esqueça de que a tabela do IR (Imposto de Renda) acumula defasagem de 134,52%. Segundo levantamento da Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores da Receita Federal), sem a correção devida, 15,1 milhões de contribuintes que deveriam ser isentos, terão de pagar IR este ano.

Olhe com mais respeito, então, para seu Título de Eleitor.

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