Nesta semana entrou em vigor o novo cadastro positivo com a missão de reunir boas informações dos consumidores.
Até o passado bem recente, apenas a má fama corria no mercado. Se o consumidor desse calote ou atrasasse o pagamento de um boleto, todos saberiam. Mas se pagasse em dia, a informação não circulava.
A aposta é a de que, ao correr a boa fama, consumidores terão acesso a empréstimos mais baratos.
Neste momento, Jair Bolsonaro vive situação inversa em sua relação com o Congresso.
A desconfiança que semeou entre os colegas da política faz com que o governo tenha que desembolsar hoje valores mais altos em emendas parlamentares do que Michel Temer e Dilma Rousseff fizeram em votações relevantes no passado.
Deputados afirmam que, enquanto Dilma e Temer se comprometiam em liberar R$ 5 milhões por parlamentar para conquistar votos, Bolsonaro prometeu R$ 20 milhões.
Desde a posse, o presidente tem rejeitado formar uma base de apoio rígida no Congresso, idealizando agrupar aliados a cada votação.
É um jeito diferente de se relacionar com o Parlamento, que minimiza o número excessivo de partidos com os quais o governo terá que negociar. Mas o tempo dirá se Bolsonaro terá sucesso em sua estratégia.
O que pode se dizer até o momento é que o presidente paga mais caro. E não é só pela rejeição à ideia de base.
A fama de mau pagador de Bolsonato se espalhou entre parlamentares, alimentada pela prática do presidente de combinar algo em privado e fazer outra coisa diante do público. No meio político, a conduta se assemelha a um calote.
Em reuniões privadas, segundo narram deputados, o presidente teria prometido trégua aos partidos de centro, mas nas redes sociais alimentou a artilharia do combate à "velha política".
A confrontação que elegeu Bolsonaro hoje cobra seu preço. Talvez seja a hora de construir um cadastro positivo para governar.
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