Mariana Carneiro

Na Folha desde 2011, é repórter de economia em Brasília. Foi correspondente em Buenos Aires. Formada pela PUC-Rio, é pós-graduada em finanças.

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A certeza de estar errado

Bolsonaro não quer dar o braço a torcer

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Muito não se sabe sobre o coronavírus. Aceitar que as incertezas existem é a premissa que líderes políticos e empresários deveriam levar em conta ao projetar o que pode acontecer na atual epidemia. Sim ou sim, suas previsões serão revistas —e num breve espaço de tempo.

Que o diga Drauzio Varella, que gravou um vídeo no fim de janeiro dizendo que não mudaria sua rotina por medo do contágio. A epidemia mudou, e ele também mudou —hoje, diz estar em isolamento doméstico.

Líderes de países ocidentais mudaram de avaliação. Com o avanço da doença, muitos optaram por medidas de proteção inéditas.

Só não parece mudar de ideia quem prefere abraçar o negacionismo desprovido de qualquer comprovação científica, como Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros.

Ricardo Salles (Meio Ambiente), que já negou as queimadas na Amazônia, compartilhou o vídeo antigo de Drauzio neste domingo (22) como se fosse atual. Bolsonaro disse no mesmo dia que a imprensa e governadores enganam as pessoas sobre a epidemia e brevemente serão desmascarados. É de uma miopia que diz mais sobre como o coronavírus encontrou o Brasil do que como a doença evolui.

O país governado por Bolsonaro é disfuncional politicamente, com o presidente incapaz de coordenar esforços e cooperação porque sua liderança se forja na confrontação permanente. Assim, as respostas são egoístas e desconfiadas: tudo se diz "como faço" e nada sobre "como deveríamos fazer".

Será mais difícil sair da crise dessa forma. Respostas erradas se multiplicarão pelo país, nas cidades, nos estados, nas empresas e nas famílias. Cada um olhando para o próprio umbigo. A corrida pela cloroquina é um exemplo.

Mudar de ideia poderia significar apenas rever o que se sabe. Para Bolsonaro, porém, se transformou em dar o braço a torcer.

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