Marilene Felinto

Autora de "Mulher Feita e Outros Contos" e "As Mulheres de Tijucopapo". Mantém o site marilenefelinto.com.br

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Marilene Felinto

Terceira onda de tortura

O que falta para derrubarem o governo assassino de Bolsonaro?

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Torturados pelo medo de que falte ar, de que falte UTI, de que falte oxigênio, de sermos acometidos por uma febre ou tosse súbita, de perdermos nossos entes queridos pela falta de imunização —torturados pela falta de testagem e de vacinas, pelo descaso, pelo descompromisso com a vida.

Tortura é crime. E estamos sendo torturados todo dia pelo presidente Bolsonaro e seu governo criminoso. (Perdi o medo de me referir a Bolsonaro com a palavra “criminoso”. Estava esperando que alguém em quem confio dissesse isso primeiro). E disse: Luís Francisco Carvalho Filho, homem da lei, que sabe das coisas, advogado criminalista dos grandes, em artigo nesta Folha de 28/5. Disse, com todas as letras: “Presidente criminoso”.

Governo torturador. Tortura é crime: a lei 9.455/97, em seu artigo 1º, incisos e alíneas, fala de tortura como “constrangimento de alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental”.

Então! Bolsonaro nos ameaça constante e gravemente. O simples fato de termos que olhar para a cara dele e dizer que é um “presidente” já se constitui em violento constrangimento. Estamos em sofrimento mental há mais de um ano, apavorados, acuados pela falta de vacinas, afastados de familiares e amigos, ameaçados de morte, violentados pelo show de horrores que nos forçam a assistir: o comportamento irresponsável e inconsequente do governante motociclista.

Mortandade. Genocídio. Que isso é parte de um crime organizado, não há mais dúvida —uma quadrilha na condução do país. Inimaginável o suplício de quem perdeu e está perdendo entes queridos, vivendo meses de angústia e indignação.

Sofrimento mental e sofrimento físico: quase 500 mil já padeceram de solidão e dor física incalculável, aterrorizados pela falta de ar, machucados por tubos que lhes desceram garganta abaixo ou simplesmente asfixiados pela falta de um cilindro de oxigênio.

Isso se chama tortura. Carnificina. Assassinato em massa. Crime. Uma aberração política: os titulares do exercício do poder atuando contra a comunidade de cidadãos, incentivando aglomerações, ridicularizando a ciência.

Desfile de gangues de motoqueiros neofascistas ignorando a pandemia é um atentado à nossa saúde coletiva. É a desqualificação de nossa inteligência. É puro horror.

Estamos em sofrimento mental há mais de um ano, aviltados em nossos direitos humanos: afinal, o artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que “ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.

Pois, então, nossa integridade pessoal está sendo violentamente ameaçada, quando não cruelmente violada ali mesmo no nascedouro: no útero das grávidas. Mortes de grávidas e de mães de recém-nascidos por Covid-19 estão acima da média da população em geral, segundo levantamento recente.

Já existe uma legião de órfãos da Covid. As grávidas pobres, as perseguidas de sempre, morrem mais: “Falta de acesso a UTI e intubação afeta até um terço das gestantes e das puérperas que morreram durante a pandemia”, segundo levantamento do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19.

Morticínio. O governo é assassino. É torturador. Dispensa tratamento degradante e desumano a nossa inteligência e a nossos corpos. Derrubem o assassino. Ele matou Paulo Gustavo, branco, rico, famoso, alegre. E matou centenas de milhares de outros Paulos, os da Silva, pretos, pobres, tristes ou alegres, anônimos. Ele assassinou Nicette Bruno, branca, rica, famosa. E não vacilou em matar também Nícia, Nicea, Nilce e outra Nicette: pretas e brancas, pobres, anônimas.

É urgente derrubar o assassino. Já se fala numa terceira onda de Covid-19 e de uma necessária terceira dose de vacina (que também não teremos). É mais tortura. Já se fala em 1,4 milhão de brasileiros que morrerão no total —tudo isso de vidas, de amores, de amigos, de familiares que perderemos para o crime de tortura e genocídio.

E eles —os titulares do exercício do poder, cupinchas bolsonaristas como o deputado Arthur Lira, comandante da Câmara dos Deputados, que mantém engavetadas dezenas de pedidos de impeachment contra o presidente criminoso— vão continuar matando se este é o custo da partilha e manutenção do poder.

Então! Repetindo: Bolsonaro nos ameaça constante e gravemente. O simples fato de termos que olhar para a cara dele e dizer que é um “presidente” já se constitui em violento constrangimento. Estamos em sofrimento mental (e físico) há mais de um ano.

Então, Congresso desacreditado, STF inacreditável, CPI só-por-deus, o que falta para derrubarem o governo assassino torturador?​

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