Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu

A arte de sobreviver aos babacas

Ignorar é sempre uma boa estratégia, porque babacas em geral perdem força sem plateia

Imagem do personagem Gizmo no filme "Gremlins"
Imagem do personagem Gizmo no filme "Gremlins" - Divulgação

O mundo é tão cheio de babacas que a questão foi levada a sério por um professor da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e acabou gerando não apenas um, mas dois livros sobre o assunto. Em “The No Asshole Rule”, o professor de psicologia Robert Sutton mostrava como lidar com babacas na vida corporativa e tornar o ambiente de trabalho mais saudável.

“The Asshole Survival Guide”, o segundo livro, trata de todas as relações interpessoais com colegas, amigos, chefes, parceiros, mas também tem informações que podem fazer o leitor chegar à conclusão de que é o próprio babaca da história. “Você tem que se conhecer, ser honesto consigo, confiar nas pessoas em volta quando dizem que você tem agido dessa forma”, disse ele numa entrevista ao site Vox.

Pela definição do acadêmico, babaca é a pessoa que faz o outro se sentir oprimido, desrespeitado, sem energia, para baixo. Para ele é fácil reconhecer o tipo, ele acaba destruindo a organização estabelecida, faz com que os melhores profissionais se afastem da empresa, mina a produtividade e a criatividade da equipe.

Todo mundo já topou com gente assim, que ainda trata de contaminar as relações entre os colegas e tudo com um sorriso no rosto. Babacas também adoram se vitimizar, são arrogantes e inseguros. Agem na surdina, quase nunca de forma transparente. Aposto que enquanto lê o texto, você já se lembrou de algum.

Mas e como se livrar de gente assim? Esperava encontrar respostas mirabolantes no livro de Sutton, porque percebi que sou uma espécie de ímã de gente babaca, mas não há milagres e a conclusão que chego, antes de dar as dicas do professor, é que a vida não é justa e os babacas quase sempre se dão bem. Você vai entender por quê.

Segundo ele, muitos babacas não fazem ideia de que são babacas. Eles precisam de alguém que lhes conte e nem sempre há gente disposta a ser emissária da má notícia. Nesses casos, vale a tentativa de conversar e mostrar que a pessoa passou dos limites. Mas se é caso de babaquice maquiavélica, Sutton aconselha a se afastar.

Quando há questões de hierarquia, não há muitas opções, além de pedir para mudar de departamento, ignorar as provocações, pedir demissão ou entrar na briga. Nesse último caso, é preciso que haja um plano, com a coleta de evidências que aumentem a chance contra o babaca. Ignorar é sempre uma boa estratégia, porque babacas em geral perdem força quando se veem sem plateia. Mas quem tem paciência e estômago para agir de forma tão calculista, sem mandar o babaca para o lugar que ele merece?

Em último caso, o jeito é tornar público que o babaca é um babaca. Se a pessoa tem tido comportamento inapropriado por um longo tempo, a única forma de ela entender é por meio de demonstração de força. Ataque na mesma intensidade. "Algumas pessoas merecem ser maltratadas. Mais importante, elas precisam ser maltratadas. Algumas vezes você precisa falar com o babaca na única língua que eles entendem, e isso significa que vai ter que sujar as mãos", disse Sutton.

Em todos os casos é desanimador ver babacas se proliferando pelo mundo feito Gremlins, sendo alimentados muitas vezes por aqueles que deveriam despachá-los para o ostracismo. Mas não, eles continuam por aí estorvando a vida alheia e nem um bendito livro de um professor de Stanford vai conseguir resolver o problema. 

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.