Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu

É difícil entrar no clima da Copa com preços de camisas e figurinhas

São necessários R$ 272,40 para obter todos os 681 cromos do álbum da Copa

Jogadores da seleção brasileira cantam o hino antes de amistoso contra a Rússia, em Moscou
Jogadores da seleção brasileira cantam o hino antes de amistoso contra a Rússia, em Moscou - Kirill Kudryavtsev/AFP

Das trinta e duas camisas das seleções que vão participar da Copa 2018, na Rússia, 19 já foram anunciadas, inclusive a da brasileira, revelada esta semana sem muito burburinho, pela CBF e pela Nike.

O tabloide inglês Mirror não perdeu tempo e começou a fazer o ranking das mais bonitas, no qual a do time de Tite aparece num 11º lugar, atrás da Argentina. Rivalidades à parte, a dos hermanos é mais bonita, embora não seja espetacular, como tantas outras que a gente vê —e tem vontade de comprar— durante o Mundial.

Camisetas de clubes brasileiros são quase sempre cafonas e de mau gosto. Dá vergonha quando comparadas às sempre bonitas e elegantes dos times europeus. A Copa do Mundo é a prova de como é possível reunir estilo e personalidade num uniforme esportivo.

O que faz a CBF? Segundo o que foi divulgado, a Nike foi buscar inspiração na Copa de 1970, ano em que o Brasil conquistou o tricampeonato. O resultado é uma camisa absolutamente previsível e sem graça, que vai custar R$ 449,90. Quem vai pagar essa exorbitância para ter o modelo idêntico ao dos jogadores só porque ele respira ares vintages? Sempre tem.

Há opções mais “baratas”. A camisa do torcedor vai custar R$ 249,90, a do estádio (seja lá o que isso queira dizer), R$ 149,90, a feminina, R$ 249,90, e a infantil, R$ 229,90.

Pense que brincadeira cara e inacessível para a maior parte dos brasileiros é torcer pela seleção. Não consigo ver nada mais estimulante à pirataria do que os valores praticados.

E não para por aí. Na semana passada, recebi encartado no jornal um exemplar do álbum de figurinhas da Copa. Não tenho o costume de fazer isso há décadas, mas me peguei passando pelas páginas e pronto, fui fisgada. Achei que seria uma ótima forma de me familiarizar com o nome dos jogadores, para consumo próprio e também por questões profissionais. Ainda que os times formados no álbum sejam fakes porque as convocações não foram feitas.

Dias depois, resolvi fazer algumas contas e de novo achei um passatempo bem salgado para a maioria das pessoas. São 681 figurinhas. O preço unitário de cada cromo é R$ 0,40. Fez as contas? São R$ 272,40. E, pelo o que me lembro, a gente sempre acaba comprando muito mais do que isso. Alô, Panini, tem gente reclamando que as figurinhas estão vindo grudadas umas nas outras, o que estraga a impressão.

Mas não deixa de ser uma diversão para quem está disposto a por a mão no bolso, ainda mais com a tecnologia para ajudar. Dá para comprar pelo site, tem aplicativos de troca, as redes sociais que já começaram a virar balcões de negócios, sem falar que tem muito marmanjo e marmanja marcando chopinho para trocar figurinha.

O que eu achei bem sem graça é que a fabricante garante que seu álbum fique completo ao oferecer a opção de compra numerada no site da empresa. Depois reclamam que as novas gerações não sabem lidar com expectativa e frustração. Até para completar álbum de figurinha já tem garantia.

Voltando ao ranking do Mirror, as camisas mais bonitas, por enquanto, são a da Nigéria, em primeiro lugar, seguida de Colômbia e Bélgica. A minha preferida é a da Espanha, mas gosto também da do Japão. Fica difícil escolher. Mas pelo preço que devem custar, não vou escolher é nenhuma. 

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