Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Descrição de chapéu

Oportunismo é meu pastor

Partidos que cobiçam a policial Katia Sastre estão pouco se lixando para critérios

Katia Sastre, cabo da Polícia Militar, durante entrevista à Folha
Katia Sastre, cabo da Polícia Militar, durante entrevista à Folha - Zanone Fraissat/Folhapress

Ora, ora, se aquele brado retumbante das redes sociais, que clama por renovação política, pela escolha de pessoas capacitadas, já não começa a definhar e deve chegar às eleições mais fraco do que miado de filhote de gato. 

A policial militar Katia Sastre, catapultada ao posto de heroína nacional, vem sendo cobiçada por alguns partidos, mas já avisou que, se realmente se candidatar, “é a mão de Deus, é pela honra de Deus”.

O Brasil precisa mesmo que membros da sociedade se interessem, se engajem, se candidatem e tomem as rédeas de um Congresso desgovernado e infestado de bandidos, mas não é de salvadores da pátria que falamos e, sim, de futuros legisladores comprometidos com o povo, que tenham preparo, ideias claras do que o país precisa e soluções para resolver os problemas urgentes. 

Os partidos que convidaram cabo Katia estão pouco se lixando para esses critérios. A velha política tem apenas interesse em manter as coisas como são. Estão de olho numa possível votação que poderá carregar com a PM outros deputados menos votados, mas tão despreparados quanto —para dizer o mínimo. 

Além de colocar na conta de Deus a sua possível vida de parlamentar, Katia Sastre diz que suas inspirações vêm de políticos como Jair Bolsonaro e Tiririca, deputados com atuação pífia no Congresso. Em entrevista à Folha, a PM disse que o primeiro “é ótima pessoa”, o segundo “parece ser um cara honesto”.

É desesperador que diante do buraco em que nos encontramos não apenas a cabo corajosa, mas grande parte do eleitorado, ache que “pessoa ótima” e “honesta” sejam suficientes para que alguém se torne legislador. Não são. 

Muita gente aposta em um novo Brasil a partir da eleição. Esqueçam. Não será dessa vez. Haverá políticos novos, decentes e altruístas, que farão barulho. Mas como podemos perceber, o oportunismo ainda é meu pastor e nada salvará este país tão cedo.

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