Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu

Padrão Fifa na escolha das sedes é zero em relação aos direitos humanos

Escolha das sedes nunca levou em consideração as condições em que vive a população local

Com a Rússia no centro dos holofotes, é impossível não pensar que o Brasil nem vai tão mal em certos aspectos, diante das aberrações que acontecem por lá. A escolha da sede da Copa nunca levou em consideração as condições em que vive o povo. Deveria. Não é possível que a Fifa continue a fincar seu circo em lugares que não têm padrão satisfatório em direitos humanos. 

África do Sul, Brasil, Rússia e Qatar. É ladeira abaixo. As referências de mundo mostradas na Copa só vão melhorar em 2026 com a escolha de EUA, Canadá e, vá lá, México. Os dois países mais desenvolvidos da América do Norte não são perfeitos, mas melhores do que os outros que parecem ter parado no século 19. 

A Fifa quer levar o futebol a regiões em que ainda não é tão popular, também porque vem perdendo público em redutos tradicionais. Mas a que preço? Abrindo as pernas para países em que os direitos humanos são ignorados, a liberdade de imprensa e as individuais, atacadas, e a democracia é de fachada?

Violência doméstica não é crime se o homem bater em sua mulher sem deixar hematomas, arranhões ou ferimentos. Manifestações LGBTs são proibidas. A “lei da propaganda gay” coíbe qualquer intenção de equiparar relacionamentos homossexuais aos heterossexuais. Canais estatais retratam gays como doentes. Há relatos de racismo dentro e fora dos campos e denúncias de trabalho escravo na construção dos estádios. 

Machismo, homofobia e racismo ainda põem o Brasil no grupo lanterna da civilidade, mas ao menos os movimentos sociais são livres e a cada dia há mais leis que tentam proteger as vítimas. 

O grande desafio da Rússia não é fazer uma grande festa. Isso o dinheiro resolve em parte. É torcer para que, no momento em que o mundo está de olho nas violações dos direitos universais, parte dos anfitriões (povo) e dos convidados (turistas) não evidencie o que o país tem de pior e que a Fifa apenas ignorou.

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