Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu Eleições 2018

Entre a cruz e a calderinha

Podemos conseguir uma façanha: pôr as duas piores opções que temos no 2° turno

Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), candidatos à Presidência da República
Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), candidatos à Presidência da República - Rodolfo Buhrer/Reuters; Nelson Almeida/AFP

De todas as péssimas opções que temos para ocupar o cargo de presidente, podemos conseguir uma façanha: colocar as duas piores no segundo turno —se a tendência de votos seguir o que mostram as últimas pesquisas. 

A constatação do apocalipse que se aproxima não tem a ver com programas de governo, ainda que esses sejam um festival de equívocos e de promessas mentirosas, mas da certeza de que o clima de ódio que reina no país estará garantido por mais quatro anos. No mínimo. 

O brasileiro está cansado. Quem aguenta mais um mandato inteiro sem a tranquilidade necessária para resolver o que é preciso? Grande parte do eleitorado, que não quer nem Bolsonaro nem Haddad e que acabará refém disso que começa a ganhar contornos de uma guerra entre duas facções, entrou em desespero para definir voto útil ainda faltando 17 dias para as eleições. Colocam-se na balança fatores que possam mudar a cara do segundo turno ou garantir um certo controle de danos. Mas a questão mais importante já foi posta em xeque: a democracia. 

O resultado vai deixar felizinhos os eleitores-torcedores do candidato eleito. No entanto, qualquer um que seja enfrentará resistência e será contestado pelo perdedor e por sua enorme massa de manobra. E nós aqui no meio do tiroteio durante mais um mandato em que as pessoas vão para as ruas não para reivindicar saúde, segurança e educação. Mas para gritar, com os seus amiguinhos, #elenão ou #foraposte. 

É tudo o que o Brasil não precisa. De um lado, um candidato xucro e autoritário, que flerta com golpe militar, da cama do hospital. Do outro, um pau-mandado de um ex-presidente preso, que planeja de lá sua vingança, sem nunca ter feito uma mea-culpa pela terra arrasada em que seu partido deixou o país. Quem consegue olhar com distanciamento sabe que #elenão, #ooutrotambémnão #deusmelivredaquele e assim por diante. Estamos lascados ou não?

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