Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Cheque em branco

Violência mostra que é hora de Bolsonaro voltar atrás em mensagens de ódio

Depois de questionar sua responsabilidade no caso do capoeirista morto que declarou voto ao PT, e dizer que não tem controle sobre o "pessoal que pratica isso", Jair Bolsonaro mudou o discurso. Pelo Twitter, disse que dispensa o voto de quem "pratica violência contra eleitores que não votam nele". É o mínimo.

O candidato do PSL cansa de repetir que não entende nada de economia. Parece também ter pouca intimidade com o papel de um líder. Precisa assimilar a ideia de que, se eleito, governará para um país inteiro e não apenas para os seus. Será sua responsabilidade zelar pela segurança de todos, e desde já, se quer ser presidente.

Relatos de violência e de intimidação nas ruas e na internet fazem crescer entre mulheres, negros e gays o medo de serem atacados e mortos. Jornalistas são perseguidos sempre que desagradam a militância. Aconteceu comigo. Por causa de um comentário irônico, mas infeliz, sobre a ausência de Bolsonaro no último debate, fui ameaçada de morte, de estupro, em centenas de mensagens agressivas.

Todos precisamos diminuir o tom, apaziguar os discursos. Polícia e Judiciário também devem mostrar rapidez e eficiência para coibir essa marola de intolerância para que não se transforme numa onda de mortes. Mas é papel dos dois candidatos à Presidência manter a paz e a serenidade num momento já tão conturbado.

Não importa que devamos a Lula e Dilma a origem da divisão em que vivemos. Os dois são cartas fora do baralho. Bolsonaro vem cultivando essa cisão até porque deve sua popularidade a um discurso colérico. Ao dizer que as minorias terão de se curvar à maioria, assinou um cheque em branco para que seus seguidores multipliquem episódios de violência, de que ele mesmo já foi vítima. É hora de rasgar esse cheque. Não apenas num post, mas à exaustão. Ou assumir que será protagonista de uma guerra civil, que já disse ser a única solução para o país. 

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