Há motivos concretos para temer um governo autoritário e o empobrecimento de políticas sociais que beneficiem minorias caso Jair Bolsonaro vença as eleições do próximo domingo. Em uma de suas últimas declarações, o candidato classificou como “coitadismo” os movimentos que defendem negros, mulheres e gays. Para ele, as ações afirmativas reforçam preconceitos.
Esse tipo de manifestação leviana alimenta o sentimento de medo que vem tomando conta de parte do eleitorado, que se sente cada vez mais vulnerável e desprotegido. Inúmeros relatos de intimidações e agressões têm sido feitos nas redes sociais e devem ser levados a sério. Mas é preciso reconhecer que há um clima de histeria que faz com que as pessoas ajam com o fígado, produzindo episódios mentirosos para bancar a teoria de que uma ditadura fascista é o que nos espera no 1° de janeiro.
Duas denúncias graves feitas contra eleitores do candidato do PSL foram desmascaradas. A polícia descobriu que a suástica pichada numa igreja na serra fluminense foi obra de um grupo de apoiadores do #elenão. Quarta (24), foi a vez de a perícia sugerir que as lesões, no mesmo formato, no corpo de uma jovem podem ter sido feitas pela vítima ou com seu consentimento.
As armações põem em risco quem de fato tem sido ameaçado, pois suas histórias começaram a ser tratadas como mentira. Daqui a pouco não adianta boletim de ocorrência, corpo de delito, vídeo, áudio, nem se os agressores assinarem confissão. Tudo ganhará o selo de “fanfic” e será visto como parte da narrativa da esquerda de rotular eleitores de machistas, racistas, homofóbicos e nazistas.
Está na hora de agirmos com mais maturidade e de acordo com os acontecimentos. É possível que haja um golpe, que o STF seja fechado e que as minorias passem a ser caçadas? É claro. Mas também pode ser que nada disso aconteça. Entre a histeria e o pessimismo, deveríamos nos manter racionais.
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