Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Presentes de Natal para um mundo melhor

Dar algo que faça a pessoa querida crescer pode ser a melhor das alternativas

Presentes de Natal podem ser oportunidade de conscientização
Presentes de Natal podem ser oportunidade de conscientização - Sakis Mitrolidis/AFP

Desde que li a notícia de que em 2050 haverá mais plástico nos mares do que peixes passei a me incomodar ainda mais com o consumo. O meu, do meu marido, da vizinha de andar, de todo mundo. Ainda não me tornei uma ecochata de carteirinha, e talvez nunca venha a acontecer, porque tenho preguiça de me meter na vida dos outros e também não sou uma pessoa boa o suficiente. Tenho hábitos que me renderiam uma bola preta nesse clube de gente bacana que se dedica a proteger os animais, o ecossistema, os índios, enquanto o resto da humanidade simplesmente não se importa.

Do meu lado, não tenho pretensão de convencer alguém a abrir mão de usar calça jeans porque a sua fabricação utiliza 10 mil litros de água, mas estou convencida de que algumas coisas podem nos ajudar a tirar o pezinho do inferno, sem cortar manteiga, carne, arroz, que consomem uma aguaceiro em sua produção.

E, numa época assolada por uma praga chamada fake news, informação é outro presente que pode ajudar o mundo a ser um lugar menos horrível, onde as pessoas consigam conversar com mais harmonia, sem partir para o block. Aí vão minhas sugestões.

- Kit de produtos reutilizáveis, para diminuir a quantidade de plástico no mundo. Hoje, há dezenas de modelos bacanas de ecobags, que podem ser carregadas para todo lado sem que a gente fique com jeitão de chineludo da Vila Madalena. Inclua copo retrátil de borracha ou garrafinha, talheres dobráveis de inox ou de bambu, canudos de vidro ou de inox. Em cidades como o Rio, onde o canudo foi proibido, alguns comerciantes têm servido água de coco em copos plásticos. Ou seja, não adianta nada, é melhor carregar o seu para o parque ou na praia. Há também no mercado sacolinhas feitas de tecidos para a compra de frutas e verduras, o que evita aquele monte de plástico que vai parar no lixo, assim que chegamos em casa com a feira. Outra dica são as embalagens ecológicas que substituem o papel-filme. Elas são impermeabilizadas com mel de abelha e, portanto, laváveis. Pode parecer um presente simples mas, em geral, não são baratos por sua baixa popularidade.

- Dê livros. As grandes livrarias em crise ameaçam toda uma cadeia produtiva e milhares de empregos. Há umas duas semanas rola na internet uma campanha para que as pessoas comprem para si mesmas e também presenteiem com mais livros. As redes sociais foram invadidas por fotos de gente que instituiu o livro como moeda de troca do tradicional amigo-secreto. Para o meu aniversário que se aproxima já avisei aos amigos. Livros, quero livros. Aproveite o momento, neste Natal é um presente cool. Você vai parecer antenado e sensível. E não estou sendo sarcástica. Tem filhos e sobrinhos que não abrem mão de brinquedo? Inclua livros no combo Natal. Duas dicas para as crianças. "Cadê Seu Peito, Mamãe?", de Ivna Chedier Maluly,  explora com delicadeza o tema câncer de mama e como falar com os filhos sobre o assunto. E "A Menina que Abraça o Vento", de Fernanda Paraguaçu, sobre uma refugiada congolesa que teve que se separar da família.

- Presenteie com assinatura de jornais e de revistas. Todas as semanas recebo mensagem de pessoas que me pedem para postar artigos meus e de colegas na íntegra para driblar o pay wall. Entendo que muita gente não tenha o costume de pagar por informação, por falta de hábito ou porque vive numa era em que muitas delas estão disponíveis na internet. Mas conhecemos o preço alto do que sai de graça: a explosão das fake news e de “notícias” com a credibilidade do zapzap. Mesmo com a eleição resolvida é difícil que as redes se livrem dessa peste que apenas aumenta o nível de desinformação, corrói relações, cria inseguranças, instiga o que há de pior nas pessoas. O jornalismo ainda é a melhor forma de combater a miséria da ignorância. Já dizia o jornalista e escritor americano Christopher Morley, “leia, todo dia, algo que ninguém está lendo. Pense, todo dia, algo que ninguém está pensando. É ruim para a mente sempre fazer parte da unanimidade”. Assine jornais. Dê assinaturas de presente. Um mundo com boa informação é um lugar melhor para todos.​​

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