Vencedor de um Globo de Ouro, “O Assassinato de Gianni Versace” mostra mais do que a história romantizada do serial killer que matou o estilista em 1997. O crime já tem 22 anos, o que pode parecer uma eternidade, mas nos faz lembrar de que as conquistas dos homossexuais são muito recentes.
O italiano, que construiu um império, passou a vida dentro do armário. Consta que, por pressão da irmã Donatella, não tenha assumido o relacionamento que tinha havia anos com o companheiro. A série também mostra que Versace teria vivido seus últimos anos com HIV, informação que a família nega.
Mas o que interessa aqui é a década de 1990, retratada na série. O mundo era muito mais preconceituoso, assim como o Brasil. O HIV era considerado uma praga gay, casais homossexuais não tinham direito de se casar, de adotar filhos, o primeiro beijo na TV foi em 2011. Só em 2007 o Congresso teve um deputado assumidamente gay, Clodovil Hernandes.
Mas veja como as mudanças são frágeis. O deputado Marco Feliciano (Pode-SP), que já classificou a homossexualidade como “modismo”, deve apresentar uma proposta que enquadra a homofobia como crime de racismo, como informa a jornalista Mônica Bergamo. Surpreendente, certo? Olha a pegadinha.
O projeto deve ter uma ressalva para garantir a “liberdade de consciência e religiosa”, e as igrejas também podem seguir demonizando o tema. Ou seja, se aprovado, as pessoas poderão usar razões pessoais e suas crenças como desculpa para ter o direito de serem homofóbicas garantido por lei. Não é muita cara de pau?
Como nem tudo é retrocesso e ignorância, quarta (24), a ministra Cármen Lúcia, do STF, cassou a decisão que permitia a cura gay, uma dessas excrescências que volta e meia ameaçam o desenvolvimento do mundo. Felicianos precisam entender que homossexualidade não é “modismo”, está nas passarelas da vida desde que o mundo é mundo.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.