Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Qual é o seu fetiche?

Independentemente da idade ou estado civil, todo mundo tem uma perversão

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Faço parte de um grupo que discute política, na maior parte do tempo. Eu sei, não há nada mais broxante.

Mas sempre pipocam assuntos de todo tipo, enquetes sérias, outras divertidas, porque só assim para manter a sanidade.

Sexo é um tema que interessa cada vez menos, vide as estatísticas, mas até sobre isso falamos. Falar não significa fazer.

De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência. Millôr disse isso em 1971. Eu nem tinha nascido. Já, já, chegamos lá. 

Mas voltando ao grupo, não faz muito tempo veio uma pergunta sobre fetiche. Em tempos de Golden Shower, fica fácil não parecer um tiozão pervertido, só um nerd esquisitão.

Fetiches nos tempos atuais
Fetiches nos tempos atuais - Artem Furman - stock.adobe.com

Entre gente que gosta de transar em locais públicos, vestir roupa de mulher e cafungar no chulé alheio, me senti a própria tiazona. Não sei se o país anda careta de mais ou eu ando com hormônios de menos.

Todo mundo tem algum tipo de perversão. Ou várias. Mas elas dependem da idade, do estado civil e até da conta bancária.

Solteira, queria transar feito a Kim Basinger, em Nove Semanas e Meia de Amor. Casada, só de pensar na bagunça na cozinha, perco o tesão. Perversão pra mim, hoje, é fazer sexo de meia. 

Olho para a lingerie de Mulher-Maravilha, que acabei de ganhar, mas o que me faz acelerar o trabalho e querer terminar o expediente mais cedo são os cupons acumulados da Westwing e da Wine. A nuca chega a ficar arrepiada. 

Quando dizem que relacionamento estável, mesmo com muito amor, não ajuda a instigar a alma devassa que vive dentro da gente, acredite.

Por que transar no sofá ou na bancada da cozinha, se tem a cama macia e quentinha? Entre o sexo maroto no meio do filme ou da cebola picada na bancada da cozinha e minha lombar sem crise, fico sempre com a segunda.

Não significa que não tenha fetiches. 

Em minhas raras incursões ao supermercado, sempre me pego flertando com o carrinho do vizinho —ou da vizinha.

Vasculho mentalmente a vida alheia baseada nas escolhas feitas no corredor do “arroz, farinhas e massas” e na seção de congelados.

Elejo gente interessante ou não pelos itens selecionados. Acho bonito quem só abastece a despensa com legumes e verduras orgânicos, lentilhas francesas, chia e açúcar mascavo, mas se não tiver nenhuma licença poética como bacon ou batatas fritas, logo desconfio que seja chata.

Gente que só consome congelados e refrigerantes tem zero chance de ser sexy. E tem os da minha tribo, dos queijos e vinhos e embutidos e castanhas. O problema é que se essa pessoa é responsável pelo supérfluo, quem comprará comida de verdade? 

Então, me lembro do meu marido, que não esquece do Vanish ao arroz integral, da manteiga sem lactose ao Bis Black, do tomate holandês ao homus tahine. Volto para casa com o tesão em dia. 

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