Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

2019, o ano que não vai acabar

Na retrospectiva do ano, tirem da sala as crianças, os velhos, todo mundo que ainda tenha alguma sanidade mental preservada

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Este ano já deu. Nunca pensei que falaria isso. Logo eu que sou sempre a última a ir embora, que peço a saideira, a primeira, a segunda, a terceira, que sou expulsa por garçons, topo afters, esticada na casa de desconhecidos, pego a rebarba dos blocos, espero o sol se por, a lua chegar, o barraqueiro ir embora. Vou ficando.

Também não tenho pressa que a semana passe, que terça vire quarta, que quinta seja logo sábado, que o inverno derreta ou o verão vá embora. Gosto de ver o tempo passando devagarinho, e que a vida faça seu charminho de ser melhor e pior, de quando em quando. Faz parte.

Mas este ano já deu o que tinha que dar e, se ninguém lançou a campanha #acaba2019, fica aqui meu apelo. Se já foi implementada, deixo aqui meu reforço. Não embarquei na onda do #acaba2016, nem depois de ver o nível do nosso Congresso na votação do impeachment de Dilma, da eleição de Trump, das mortes de Bowie, Prince, de George Michael e da queda do avião do Chapecoense.

 
 

Passei lisa pela #acaba2017, quando quiseram abreviar o ano. Rebeliões em presídios, morte do Teori, goleiro Bruno contratado e festejado, La La Land ganha e perde o Oscar na mesma hora, ataques terroristas em Londres, Manchester, Moscou, Estocolmo, Barcelona, Cairo, tiroteio e mortes em escolas e em show nos EUA, mala de R$ 51 milhões do Geddel, furacão no Caribe, censura no MAM. 

Nem a #acaba2018 mudou meu estado de espírito, que é uma mistura de #namaste com #vaisefude. Foi um “afe” atrás de outro “afe”, engolidos com um tanto de birita e outro tanto de Rivotril. Lula preso, Bolsonaro esfaqueado, Marielle assassinada, intervenção federal no Rio, Neymar piada mundial, políticos encarcerados, Trump e Kim Jong-un viram BFF, desabamento de prédio em São Paulo, Museu Nacional em chamas, furacões, tsunamis, enchentes pelo mundo, drama venezuelano, as perdas de Cony, Otavio, Bourdain, Aretha, Amoz Oz. 

Quem tem pressa que o tempo passe é gente muito jovem. Eu já comecei a economizar, a esticar os meses, a gostar que agosto tenha sempre uns 47 dias. Mas 2019 passou dos limites. Na retrospectiva do ano, tirem da sala as crianças, os velhos, todo mundo que ainda tenha alguma sanidade mental preservada. Isso não está sendo um ano, mas um atropelamento coletivo, uma maratona de filme de terror, uma Black Friday brasileira. E só dever acabar em 31 de dezembro de 2022. Se tivermos sorte. E juízo. Que pesadelo.

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