Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Cancelem o brasileiro

Mudam-se as leis, mas o brasileiro segue o mesmo e deixa destruição por onde passa

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Estive numa festa famosinha e com gente descolada. O DJ e produtor anuncia que é uma celebração “humanista, contra a censura e a ditadura”, um espaço em que as mulheres mandam. As pessoas vibram. Eu vibro. Num Brasil em que se celebra torturador, é um alento esse tipo de ambiente saudável, com música boa. Ninguém vai passar a mão na sua bunda sem consentimento, mas sobre soltar umas baforadas de cigarro num cubículo cheio de gente nada foi falado, então, dois sujeitos acharam OK. A festa era ótima, o que estraga são as pessoas.

Importunação sexual e fumar em lugar fechado são infrações, previstas em lei. A que prevê punição para encoxador de mulher é tão nova que precisa ser lembrada o tempo todo, mas não pode acender o Malborão em bares e restaurantes da capital paulista desde o século passado. Hoje, nem em parques públicos. Em 2014, o país abraçou parte do avanço. Mas a mesma pessoa que levanta #respeitaasmina, se acha no direito de violentar o pulmão alheio. Brasileiro é engajado, desde que não tenha que fazer concessões.

Em quase 80 cidades o canudo de plástico foi banido. O Rio foi vanguarda dessa mudança. Sumiram as hastes pontudas da areia da praia, mas ela continua imunda. Tampas de garrafa, inclusive de plástico, bitucas de cigarro, espetinhos dividem a cena com o que a cidade tem de melhor, a natureza. Pessoal não usa mais canudo e carrega ecobag, mas deixa um rastro de destruição por onde passa. E nem bem chegou o Carnaval. 

Desde o ano passado, o Rio liberou cachorro na praia. Nada contra os cachorros, tudo contra os donos. É totó espalhando areia em cima de banhista, é cocô de totó contaminando a areia, é totó sem focinheira, aterrorizando todo mundo. Mas agora pode, então, dane-se o outro. 

Mudam-se as leis, mas o brasileiro continua o mesmo. O Brasil jamais dará certo com os brasileiros. Cancelem o brasileiro.

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