Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge

Cala a boca, Bolsonaro

Acreditava eu que teríamos instituições fortes para colocar um freio nesse ignóbil

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Não aguento mais ouvir a voz de Jair Bolsonaro. Não importa o que ele diga. Desenvolvi um tipo de fonofobia do presidente. Não suporto qualquer som emitido por ele. Tanto faz se está acuado, raivoso ou histérico. Se está feliz me irrita ainda mais, porque deve ser à custa da desgraça de alguém. Diante do desastre que são as mais de 162 mil mortes pela Covid, o sujeito tripudia e diz que "todos nós vamos morrer um dia". Haja antiácido.

Quando Bolsonaro começa a falar, os sintomas de intolerância, típicos da fonofobia, se manifestam. A irritação fica a mil, bate ansiedade, o mau humor sai pela orelha, tenho vontade de sair correndo, mas me lembro que estou na minha própria casa. O coração acelera, fico estressada e, às vezes, grito com a televisão, coitada.

Bolsonaro no Palácio do Planalto - Lucio Tavora/Xinhua

Aquela fala sem ritmo, ao mesmo tempo com pausas nervosas, típicas de quem não consegue formular um raciocínio, é gatilho para o sistema de repulsa entrar em ação. O sujeito abre a boca e minha cabeça dói, porque lá vem mentira, provocação, alguma atrocidade e um festival de preconceitos como o desta semana.

Em 24 horas, ele diz que somos um país de maricas, comemora a interrupção dos estudos da vacina contra a Covid sobre o cadáver de um voluntário, desdenha de uma possível segunda onda da doença e quer resolver as relações com os Estados Unidos com pólvora. Quem mais consegue suportar isso?
Retiro o que escrevi há pouco mais de um ano, quando pedi que Jair Bolsonaro falasse, falasse mais, vomitasse toda a podridão de que são formadas as suas sinapses. Talvez assim morresse pela boca.

Acreditava eu que teríamos instituições fortes para colocar um freio nesse ignóbil. Mas, como percebemos, nossas instituições são feitas de castelos de cartas de repúdio. Jair continua testando a democracia como pode, até que uma hora ela desmorona. E ninguém poderá dizer que ele não avisou.

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