Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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'Ele era tão bom pra mim, nem me batia'

Agressões psicológicas são ramificações perigosas da brutalidade que permeia relações

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Há exatos cinco anos, escrevi nesta Folha a crônica "Ele era tão bom para mim, nem me batia". Era um compilado sobre violência psicológica, inspirado em situações vividas por mim e por outras mulheres. O texto mostrava que as agressões nem sempre deixam marcas físicas, mas podem estrangular uma mulher emocionalmente.

Recorro ao mesmo título porque o assunto está sob holofotes com a estreia da série Maid (Netflix). A protagonista, Alex, 25 anos, foge com a filha de três anos da casa onde vivia uma relação abusiva com o marido. Sem dinheiro e sem ter para onde ir, procura ajuda num serviço social e diz que não fez nenhuma denúncia porque "não sofreu violência de verdade".

Assim como para Alex, "violência de verdade" para nossa sociedade é aquela que deixa rastros visíveis: um olho roxo, uma costela quebrada, as mãos cortadas, morte. É uma realidade com a qual passamos a lidar diariamente nos últimos anos, quando as denúncias aumentaram e o poder público teve que encarar uma epidemia até então silenciosa: a da violência doméstica.

A série não deixa dúvidas de que as agressões psicológicas são ramificações perigosas da brutalidade que permeia algumas relações e é um assunto que ainda precisa ser mais discutido, debatido, noticiado. A maioria das vítimas nem se reconhece como tal. Não entendem como violência os abusos psicológicos aos quais são submetidas.

Maus-tratos, intimidação, controle financeiro, profissional e social e chantagens são assimilados como parte do relacionamento, não como cerceamento, opressão, ameaça. Além da falta de entendimento, há questões como vergonha, medo, dependência emocional e, principalmente, a dificuldade em provar tais situações.

Sem essa clareza, a vítima se afunda cada vez mais, não consegue pedir socorro, agradece porque ao menos não apanha, mas continua sendo violentada todos os dias.

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