Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mariliz Pereira Jorge

Bolsonaro e Arthur do Val são o retrato do homem médio brasileiro

Deputado deu de cara com a parede de tolerância zero erguida pelo movimento feminista

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Para quem tem boa memória, o episódio protagonizado pelo deputado estadual Arthur do Val é só um revival ainda mais grotesco do que aconteceu na Copa da Rússia, em 2018.

Torcedores brasileiros se aproveitaram da simpatia das mulheres do Leste Europeu, tão alardeada pelo membro do MBL, para abraçá-las e gritar "buceta rosa", enquanto elas sorriam sem entender o assédio que sofriam. Dias depois, mais de dez homens interromperam o trabalho de uma jornalista estrangeira aos gritos de "chupar xoxota é uma coisa linda".

Reprodução de vídeo em que brasileiros fazem ato machista com uma jornalista russa durante a Copa do Mundo 2018. - Reprodução

Diferentemente do que aconteceu na Copa, quando os acontecimentos foram encarados por muita gente como "brincadeiras", é um avanço que a opinião pública tenha se unido. Direita e esquerda, conservadores e progressistas entenderam a atitude do deputado como o que ela representa: misoginia, racismo e falta de decoro parlamentar.

A guerra na Ucrânia talvez tenha trazido alguma humanidade, inclusive às pessoas que tratam as mulheres como cidadãs de segunda categoria. Ou nem tanto. Jair Bolsonaro, que classificou a fala de Arthur do Val como "asquerosa", disse nesta terça (8), Dia Internacional da Mulher, que estamos "praticamente integradas à sociedade".

É o mesmo Jair que disse usar dinheiro público para "comer mulher". O mesmíssimo que não estupraria uma deputada por ela ser "feia". Aquele para quem o nascimento de sua única filha foi uma fraquejada. O Jair que dançava ainda ontem um funk que compara mulheres de esquerda a cadelas.

Bolsonaro e Arthur do Val são o retrato do homem médio brasileiro. A diferença entre os dois é que Bolsonaro vem de uma geração em que o machismo era não só admitido como celebrado. O segundo deu de cara com a parede de tolerância zero construída pelos movimentos feministas que ambos desprezam. Sem os quais, os dois estariam livres para abraçar os parças e gritar "buceta rosa" ou qualquer coisa que o valha.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.