Enquanto a campanha de Lula é cobrada, segundo reportagem da Folha, a "ampliar o uso da linguagem inclusiva" e a não deixar que o ex-presidente "escorregue" na cartilha identitária, o Gabinete do Ódio de Jair Bolsonaro parece ter apostado num Jair "zoeira". Se o presidente conseguir fechar a boca, os adversários terão mais problema.
Nos últimos meses, ele diminuiu o festival de frases criminosas e os ataques à imprensa, por exemplo. Claro que não dura. Voltou a comentar o peso de um negro em arrobas. O núcleo bolsonarista sabe que precisa amenizar a imagem preconceituosa e autoritária que Bolsonaro imprimiu em sua gestão, entendeu que não se ganha eleição com voto de convertido.
Em 2018, enquanto a maioria acreditava que os minutos de TV fariam diferença no desempenho dos candidatos, Jair nadava de braçada na internet. De novo, a equipe do presidente se mostra mais alinhada com o espírito do tempo. Há uma mudança perceptível nos posts e tuítes com aposta no auto deboche, no humor, na linguagem passiva-agressiva, na construção da imagem de um tiozão do Zap gente boa.
Esta semana, Bolsonaro compartilhou uma imagem que virou chacota na qual ele assiste ao pronunciamento de Donald Trump, que foi substituído por Ciro Gomes e o humorista Gregório Duvivier, num debate. A virada de mesa é estratégia digital purinha. A aliança entre Lula e Alckmin foi compartilhada por Bolsonaro apenas com a legenda "kkkkkkkkkkkk". Sobre a desistência de João Doria, ironizou: Comunico que estou abrindo mão da disputa do cinturão dos pesos médios no UFC. É a língua das redes. Os seguidores deliraram, os posts viralizam, Bolsonaro mantém a liderança de audiência. Não é pouco.
Enquanto isso, petistas encrencam com Lula pelo uso de termos como "índio" e "escravo". Não pode falar de churrasco para não contrariar os veganos e muito menos "tesão de 20" pela conotação sexual. Vai dar certinho.
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