Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Marçal é o artista do momento

No Brasil, grande parte da classe artística parou no século 20

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Guilherme Boulos fez uma campanha brilhante, em 2020, à Prefeitura de São Paulo. Por meio de estratégia política perspicaz, equipe de marketing afinada com a comunicação digital e bastante raça, conseguiu suavizar a imagem de radical dos tempos de MTST. Ao furar sua bolha, saiu do último lugar em 2018, entre os presidenciáveis, para o segundo turno contra Bruno Covas. Perdeu a eleição, mas subiu ao patamar dos grandes líderes de esquerda.

Mas, como é mesmo aquela expressão? Camarão que dorme a onda leva. Boulos e equipe parecem ter dormido. Aparentemente, estão sem estratégia atualizada, acomodados e atordoados com o tsunami Pablo Marçal e seu show de horror. Depois do episódio do hino com linguagem neutra, vem o vídeo com apoio de artistas. Mais anos 2000, impossível.

Estrategistas de marketing político, pesquisadores da área, jornalistas têm questionado a real influência de artistas em campanhas, porque o mundo mudou. O engajamento da classe foi importante quando veículos tradicionais, como TV e rádio, eram os únicos meios de informação da população, influenciada pelo que assistiam. O palco tem histórico político legítimo. As Diretas Já não seriam o que foram sem o apoio de tantos nomes. Não é mais assim.

Hoje, para impactar mais do que o tio do zap, o artista precisa de dezenas de milhões de seguidores, fã clube jovem (disposto a seguir o ídolo), projetos políticos específicos. É a combinação de dinheiro e poder. Oprah se engajou na campanha de Obama. Beyoncé se uniu a mães negras em torno de leis. Taylor Swift é considerada até por Trump uma ameaça.

No Brasil, grande parte da classe artística parou no século 20 e precisa dissociar talento e sucesso de influência política, ainda mais quando ela só aparece em época de eleição. Gravar vídeo pode até dar a impressão de dever cumprido, mas não muda voto quando um sujeito como Pablo Marçal é o artista do momento e faz muito sucesso.

Pablo Marçal em campanha eleitoral - Nelson Almeida/AFP

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